Mercado de nozes e castanhas crescerá 53%

Leia em 3min 20s

São Paulo - Produtores de castanhas e nozes do Brasil articulam a criação de uma associação para fomentar a produção nacional. A safra 2017/2018 deve somar 38,8 mil toneladas de castanha do Brasil (do Pará), de caju e macadâmia, alta de 53% sobre o ciclo anterior.

 

Apesar da perspectiva de crescimento nesta safra, o País responde por apenas 0,92% da produção mundial, que deve atingir 4,2 milhões de toneladas neste ciclo.

 

"O Brasil tem um potencial enorme para crescimento neste segmento, seja como cultura complementar ou principal", destacou o presidente da Datagro, Plínio Nastari, durante o segundo encontro Latino Americano de Nozes e Castanhas, realizado ontem, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital.

 

Ele atribui a projeção ao clima favorável para a cultura, considerando a produção de junho deste ano a julho do ano que vem. Na safra colhida no começo deste ano as castanhas foram afetadas pela falta de chuva e a produção, no caso da castanha do Brasil, recuou em torno de 70%.

 

Entre as culturas que registraram crescimento também está a noz-pecã. Com 80% da produção concentrada no Rio Grande do Sul, os produtores gaúchos cultivam 3,5 mil hectares e produziram 5 mil toneladas ante a 3,3 mil toneladas obtidas na safra passada. "O clima foi muito favorável e tivemos uma produção acima da média", diz o diretor da Pecanita, Claiton Wallauer.

 

A produção de noz-pecã se concentra do Sul do País, enquanto a da castanha do Pará na região Norte, a castanha de caju, no Nordeste, a castanha de baru, no Centro-Oeste, e noz macadâmia, no Sudeste.

 

Associação

 

Apesar da perspectiva de produção crescente, há ainda muitos fatores que jogam contra a produção brasileiro de nozes e castanhas, comenta o diretor da Divisão de Nozes e Castanhas, do Departamento do Agronegócio (Deagro) da Fiesp e proprietário da QueenNut, José Eduardo Mendes Camargo, um dos pioneiros na produção de macadâmia.

 

Ele defende a criação de uma associação que concentre as entidades que já atuam no segmento em busca de melhorias para o setor. "Faltam dados consolidados sobre a produção brasileira, assim como pesquisas sobre novas variedades e sobre opções de controle biológico de pragas", destaca.

 

Para Camargo, a falta de linhas de crédito adequadas ao setor é outro entrave. Enquanto a produção de castanhas do Brasil (Pará) e de caju é feita de forma extrativista, a macadâmia e a castanha de baru são cultivadas, e levam em torno de cinco anos para começar a produzir. "É preciso um crédito que longo prazo para atender a esse produtor que vai demorar a ter retorno", defende o empresário.

 

O encontro realizado em São Paulo contou com representantes de produtores da América Latina, entre os quais o presidente do ChileNut, entidade que agrega os produtores locais, Siegfried Von Gehr.

 

O país é considerado referência no segmento, e dobrou as exportações em 15 anos. De acordo com Gehr, o crescimento está ligado ao investimento em pesquisas para o desenvolvimento de cultivares adaptadas ao clima e solo das regiões produtoras. "Houve um investimento muito grande nessa produção, que hoje é a segunda maior do Chile, atrás apenas das uvas de mesa", justificou Gehr. O país tem 45 mil hectares e pretende dobrar a área até 2025.

 

Nos primeiros nove meses deste ano, o Brasil exportou 12,7 mil toneladas de nozes e castanhas, com receita de US$ 98,8 milhões. Em todo o ano de 2016, as exportações chegaram a 24,6 mil toneladas e US$ 149,5 milhões em receita O mercado mundial movimentou US$ 35 bilhões ao ano.

 

 

Fonte: DCI São Paulo

 

 


Veja também

AgRural: Plantio de soja no Brasil avança, mas chuva irregular ainda atrapalha

O plantio de soja no Brasil havia avançado para 12% da área projetada na safra 2017/18 até quinta-f...

Veja mais
Pecuária leiteira: setor agenda manifesto nacional

Mesmo depois da suspensão das licenças de importação de leite do Uruguai, anunciada na &uacu...

Veja mais
Câmbio e estoques ameaçam competitividade do açúcar

Passadas as frustrações do mercado pelas promessas não-cumpridas pelo presidente dos EUA, Donald Tr...

Veja mais
Brasil vendeu 53% da safra de café 2017/18, diz Safras

São Paulo (Reuters) - Os produtores brasileiros de café já haviam vendido 53 por cento da safra 201...

Veja mais
Embargo de aquisições do Uruguai atende setor produtivo

O veto às importações de leite provenientes do Uruguai anunciado, na terça-feira, pelo minis...

Veja mais
Indústria prevê estabilização do mercado

A indústria láctea de Minas Gerais também está sendo prejudicada pelas importaç&otild...

Veja mais
Tendência é de alta para algodão e feijão

Ao contrário do milho e da soja, a tendência na produção de algodão em caroço &...

Veja mais
Integração lavoura-pecuária deve crescer 15%

São Paulo - Atraídos pelos resultados financeiros obtidos com a Integração Lavoura-Pecu&aacu...

Veja mais
Produção de cacau do Brasil pode avançar em 2018

A produção de cacau pelo Brasil deve ser "melhor" em 2018, superando as de 2016 e deste ano, mas um regime...

Veja mais