Safra menor e real valorizado geram tendência de alta nos preços do café

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A perspectiva de safra menor, real fortalecido e continuidade do crescimento da demanda global devem gerar uma alta dos preços do café em 2019. Mesmo com expectativa de produção reduzida, o Brasil deve aumentar os volume de exportações neste ano.

 

“Esse ano tende a ser bem diferente de 2018, que foi de grandes volumes. Fisiologicamente, a planta costuma apresentar produtividade menor na safra seguinte”, explica o analista setorial da Tendências Consultoria, Felipe Novaes.

 

Ele conta que a alta da oferta no ano passado e a desvalorização do real reduziram o preço da commodity, o que pode se traduzir em redução de investimentos na lavoura. “O produtor tende a ficar desestimulado neste cenário, o que limita a expansão do café, especialmente a variedade arábica.”

 

O analista aponta que o cenário de desvalorização da moeda em relação ao dólar não deve se repetir em 2019. “Não estão no horizonte os mesmos condicionantes que desvalorizaram o real, como a incerteza eleitoral. Isso reforça a tendência de alta de preço”, destaca.

 

A Tendências estima que os preços internacionais devem valorizar em 6,3% neste ano. “Ainda é cedo para afirmar, mas há indicativos de que outros players importantes do mercado internacional, como Vietnã e Colômbia, também devem apresentar quadros de oferta mais restrita”, conta.

 

O presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Nelson Carvalhaes, declarou em coletiva de imprensa nesta terça-feira (15) que ainda é difícil fazer prognósticos, mas que o ano de 2019 deve ser positivo. “A Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] indica que a safra será um pouco menor. Mas é factível chegar a 37 milhões de sacas exportadas.”

 

O dirigente aponta que os estoques globais estão baixos e a demanda segue crescente, o que deve fortalecer a tendência de alta dos preços. “O volume necessário para atender é muito alto e a próxima safra será um pouco menor.”

 

Em 2018, a participação brasileira nas exportações voltou a crescer, após dois anos consecutivos de queda, e chegou a 28,1%. “A seca no Espírito Santo, entre 2014 a 2016, afetou a produção de robusta e fez com que se exportasse menos”, diz Carvalhaes. “É possível que o Brasil volte ao recorde de market share nesse ano.”

 

Em 2015, a participação das exportações brasileiras no mercado global chegou a 32,3%. “Existem duas variáveis importantes para conquistar mercado: garantia de maior produtividade e qualidade do grão”, destaca Novaes. “Isso passa por um investimento tecnológico na cultura. A safra de 2018, por exemplo, não foi só volumosa devido a condições naturais favoráveis.”

 

Carvalhaes assinalou que o Brasil investiu muito nas últimas décadas para aumentar sua produtividade. “Custou caro chegar ao atual patamar.”

 

Resultado consolidado

 

Conforme dados do Cecafé, o Brasil exportou 35,2 milhões de sacas de café no ano passado, alta de 21,3% em relação a 2017. A receita cambial no período foi de US$ 5 bilhões, decréscimo de 3% na mesma base, e o preço médio da saca foi de US$ 144,53, 14,9% menor do que no ano retrasado. “A desvalorização do real e a volatilidade de um mercado com maior oferta gerou a redução de preço”, explica Carvalhaes.

 

Em relação às variedades embarcadas, o País exportou 31,5 milhões de sacas de café verde, incremento de 15% sobre 2017. Os cafés industrializados tiveram crescimento anual de 5,8%, totalizando 3,7 milhões de sacas embarcadas. Os principais destinos foram Estados Unidos e Alemanha, com 17,6% e 16% do total do café exportado pelo Brasil em 2018, respectivamente.

 

Carvalhaes desta o mercado asiático como uma aposta para aumentar o volume das vendas. “A China é um destaque nas exportações na região, Mesmo se tratando de um país produtor, há espaço para o Brasil nesse mercado.”

 

Fonte: DCI

 


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