Fabricantes de salgadinhos buscam adaptação às mudanças no consumo

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Fabricantes de salgadinhos mostram adaptação aos novos hábitos do consumidor, diante de um cenário econômico instável e maior preocupação com a saúde. O setor teve recuperação nos últimos anos, após ser impactado pela crise.

 

“No ano passado, esse mercado apresentou crescimento de 7,9% no volume. Não há nenhuma categoria em retração e segmentos mais baratos, como extrusados de milho, crescem acima do mercado”, aponta a executiva de contas sênior da Kantar, Priscilla Bindi.

 

Ela destaca que o consumo do produto cresce em todas as classes, mas com destaque para o público C. “O salgadinho é muito estável, com presença em mais de 90% dos lares compradores. É uma categoria que cresce pela busca por indulgência.”

 

De acordo com levantamento da Kantar, em 2018 houve um aumento do gasto médio e do volume consumido. “O que percebemos é que o salgadinho não está atraindo novos lares, mas que o público habitual está comprando embalagens maiores. O canal de venda que mais se destaca é o atacarejo. O consumidor está buscando pagar menos por mais”, assinala.

 

Embora a preocupação com a saudabilidade seja uma tendência de mercado, isso parece não ter tanto impacto na categoria. “É um fator ainda pequeno entre os salgadinhos. Identificamos que o consumo caiu em lares com crianças pequenas, mas não podemos afirmar com certeza que isso ocorre por preocupação com a saúde”, diz Priscilla.

 

Estratégias

 

A Milho de Ouro aposta na expansão de presença no canal atacarejo. “Estamos buscando os grandes supermercados. Já estamos no Assaí e conseguimos cadastro no Atacadão”, conta o diretor da companhia, Pedro Rodrigues.

 

Fabricante das marcas Lobits e Tira Teima, a empresa mira em um público de menor renda. “Em São Paulo, o consumo de produtos a base de milho e trigo tem se reduzido, em função da busca por saudabilidade. Mas isso não afeta nosso público, de classe CDE.”

 

A companhia têm planos para chegar nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. “Estudamos ter maior presença nessas regiões. Um desafio grande é o frete, que torna difícil uma composição de preço para ser competitivo com players locais em um mercado de produtos de baixo valor agregado”, avalia o executivo.

 

Rodrigues explica que a Milho de Ouro produziu por 12 anos, de forma terceirizada, salgadinhos da Elma Chips. “Nosso apelo é a qualidade. Adquirimos know-how com a líder do mercado e temos fornecedores de matéria-prima tão bons quanto eles.”

 

A companhia prevê crescimento em 2019 e estuda formas de reduzir custos, sem afetar a produção. “Procuramos melhorar a negociação dos insumos, sem diminuir a qualidade. Também estamos investindo em nosso maquinário”, diz o executivo.

 

Ele afirma que a fábrica da empresa, em Embu das Artes (SP) está funcionando 24 horas por dia. “Costumávamos ocupar 100% da capacidade em meses alternados, o que trazia o risco de gargalos. Por isso inauguramos uma filial na mesma cidade, para a produção de produtos de trigo. Agora ocupamos entre 60% a 70% das linhas.”

 

A gerente de nutrição e desenvolvimento de produtos do Mundo Verde, Flávia Morais, entende que a preocupação com a saúde traz muitas oportunidade para a empresa. “Devido à competitividade acirrada, torna-se imprescindível o desenvolvimento de opções que se diferenciem seja pela sua composição, sabor, praticidade ou custo-benefício.”

 

A rede de lojas de produtos naturais conta com linhas de petiscos doces e salgados. “Estamos crescendo na categoria snacks em marca própria através de modelo de terceirização. Este ano já lançamos biscoitos de tapioca, doce de cocada, doce de goiabada, doce de leite e de paçoca e chips de coco e faremos mais lançamentos no 2º semestre. Nossa meta é lançar 100 produtos totalizando 300 produtos marca própria até o final do ano”, conta Flávia.

 

De acordo com a executiva, o mercado de saudabilidade e o consumo de alimentos saudáveis e naturais continuam crescendo. “Planejamos inaugurar 50 novas lojas e crescer 25% em relação a 2018 para atingir o faturamento de R$ 731 milhões em 2019.”

 

Fonte: DCI

 


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