Mercado de cerveja artesanal avança no País

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O ano foi de queda para a produção brasileira da bebidas, entretanto, as microcervejarias se multiplicaram e investem em novos produtos também como uma opção de presente no Natal

 

São Paulo - A produção de cervejas deve encerrar 2016 em queda, refletindo a fraca atividade do País. Das gigantes às microcervejarias, a percepção é de que este foi um ano complicado e as limitações devem permanecer em 2017. Mas a adversidade deu espaço para o avanço das fábricas de bebida artesanal. Com base em dados do Ministério da Agricultura, o mercado calcula hoje cerca de 400 cervejarias artesanais, praticamente o dobro se comparado com três anos atrás. A Pasta confirmou ao DCI que nos últimos doze meses, até 16 de dezembro, teve pedidos para registro de 2.431 produtos de cervejarias (chope e cerveja).

 

"Entre as artesanais, observamos uma grande variedade de produtos, com concentração em cervejas de trigo e outras do tipo Ale", afirma, em nota, o fiscal agropecuário e cervejeiro Carlos Müller. A expansão do segmento se deve ao maior interesse do brasileiro em produtos sofisticados que, apesar de apresentar ticket médio maior, agrada ao paladar e se torna até uma opção de presente, dizem profissionais do setor.

 

A analista da Euromonitor International, Angelica Salado, observa que diante do cenário econômico atual, com endividamento, inflação e desemprego crescente, os brasileiros estão mais racionais em relação ao que esperam gastar com presentes, mas certamente não com a ceia de Natal. "Em linha com essa tendência, principalmente entre consumidores mais jovens, vemos uma movimentação de presentear amigos e parentes próximos com bebidas, como cervejas artesanais". Segundo ela, essa alternativa resolverá dois problemas: garantir o presente do membro da família e, também, tornar o jantar de Natal mais robusto, uma vez que as bebidas podem ser consumidas durante a confraternização.

 

Apostando nisso, as microcervejarias investiram até no lançamento de kits de bebidas artesanais, com copos e taças, como fez a mineira Gangster Cervejaria. "Sem dúvida as cervejas artesanais e acessórios se tornaram uma opção de presente face ao custo de outros produtos", avalia o sócio da empresa, Harlison Soares .A microcervejaria elevou sua produção para 4 mil litros por mês este ano ante os 500 litros/mês em 2015, apesar do quadro econômico. De acordo com Soares, o aumento de capacidade se deve ao lançamento de produtos em 2016 e pelo menos mais três que devem sair em 2017. Porém, ele diz que só vislumbra um crescimento sustentável do mercado, em geral, a partir de 2018.

 

A Hausen Bier, microcervejaria que atua na região de Araras (SP), também acredita que o fator preço frente a outras opções de presente vai ajudar. No entanto, o sócio da empresa, Leandro Pissinatti, observa que o consumidor brasileiro ainda está sendo apresentado para as cervejas artesanais. "Apesar de parecer que o mercado já está maduro, ainda estamos em uma etapa onde os consumidores se confundem ou mesmo não conhecem determinados estilos de cerveja", avalia ele, prevendo crescimento em 2017 e 2018.

 

O segmento de artesanais representa cerca de 1% do mercado cervejeiro brasileiro, mas tem feito as grandes empresas se movimentarem. Microcervejarias como a Eisenbahn Baden Baden, Devassa (Brasil Kirin), Wals e Colorado (Ambev) foram compradas nos últimos tempos, demonstrando que as gigantes também estão de olho nesse nicho. "As grandes estão se preocupando em fazer cervejas especiais", comenta o executivo da Mec Bier, Marcelo Nicolosi, sobre a competição que surgiu entre as cervejas tradicionais e os produtos especiais, como as bebidas premium e artesanais, ao mesmo tempo em que o mercado interno enfrenta um momento delicado.

 

Panorama

Entre janeiro e novembro, o setor como um todo produziu 2% menos sobre um ano antes, chegando a 1,28 bilhão de litros, conforme apurou a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil). "O ano de 2016 foi de desafios e o próximo deve ter este mesmo perfil", afirmou o presidente-executivo da CervBrasil, Walter Faria, na última divulgação do setor.

 

 

 

 

Fonte: DCI - São Paulo

 


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