Apil: preço do leite ao produtor deve diminuir 7,4%

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São Paulo - O preço pago ao produtor pelo litro de leite deve recuar 7,4% nos próximos três meses. Conforme projeção da Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil), o valor pode cair para R$ 1,25 por litro.

 

O preço médio do litro pago ao produtor foi de R$ 1,35 no mês passado, o que já representa retração de 1,48% sobre o valor bruto praticado pelas indústrias em maio.

Entre os componentes que devem derrubar os preços está o aumento da produção, favorecida pelo clima chuvoso e a maior oferta de alimento aos animais no período de safra no Sul do País.

 

"É natural que a maior oferta reduza o preço", observa o presidente da Apil, Wlademir Dall'Bosco. Ele afirma, no entanto, que esse excesso de volume não é a preocupação principal do setor, por não ser acima do esperado.

"O que nos preocupa é a falta de demanda pelo produto no mercado interno", destaca.

 

Na avaliação de Dall'Bosco, o consumo de produtos lácteos vem sendo afetado pela crise econômica. "O aumento do consumo depende da geração de emprego e renda, já que hoje, o consumo não é suficiente para esse volume de produção", acrescenta ele.

O executivo também lista como razão para o recuo nos preços pagos ao produtor o aumento da importação de leite do Uruguai e da Argentina. Nos primeiros quatro meses do ano, a importação de produtos lácteos aumentou 6,7% em valor na comparação com mesmo período do ano passado e passou de US$ 204,2 milhões para US$ 218 milhões.

 

"O preço médio do produto brasileiro está mais caro que o dos países vizinhos", Dall'Bosco. Para ele, o alto custo de produção e a tributação elevada deixam o produto brasileiro menos competitivo no mercado e abre espaço para as importações. A entrada em quantidade elevada do produto (leite em pó) vindo desses dois países é uma queixa recorrente no setor. O Brasil estabeleceu cotas de aquisição para a Argentina, com limite de 4,5 mil toneladas mensais. Mas ainda negocia com o Uruguai um acordo semelhante.

 

Na avaliação de Dall'Bosco, a tendência é que essa retração nos preços leve a uma equiparação com os valores pagos pelo litro no exterior. "A expectativa é de um ajuste para um valor em torno de US$ 0,35 por litro", afirma o executivo.

 

Média Brasil

 

Conforme relatório divulgado pelo Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea), o preço líquido - sem frete ou impostos - recuou 0,39% em junho na comparação com o mês de maio, para R$ 1,26 por litro. A chamada "média Brasil" inclui os preços em sete Estados produtores (Goiás, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Bahia).

 

Na avaliação do Cepea, o resultado evidencia um momento de transição, com situações distintas em cada mercado. Enquanto nos Estados do Rio Grande do Sul e em Minas Gerais os preços caíram devido à maior captação, a entressafra em São Paulo aumentou a competitividade entre as indústrias e o preço médio pago pelo leite no Estado. O valor médio bruto registrado no mercado paulista em junho foi de R$ 1,42, alta de 1,29% ante maio. Nos demais estados as variações foram menores do que R$ 0,1 por litro.

 

O relatório aponta o início de um período de desvalorização do preço do leite. O produto "spot" na "média Brasil" apresentou baixa de 2,1% da segunda quinzena de maio para os primeiros quinze dias do mês de junho.

Entre os Estados que não integram a média Brasil, o Mato Grosso do Sul teve elevação de 4,38% no preço bruto pago ao produtor, para R$ 1,34 por litro. A média geral nesses estados atingiu R$ 1,37, recuo de 0,22% no valor bruto.

 

O preço do leite UHT negociado no atacado recuou 3,8% em São Paulo, de maio a junho. Já o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) teve alta de 0,8% entre abril e maio, na "média Brasil".

 

 

Fonte: DCI São Paulo

 

 


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