Redução da Selic pode ajudar vendas de bens duráveis no último trimestre

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Com a perspectiva de que a queda no juro dê um pequeno fôlego para o setor ao longo do ano, as varejistas devem começar a reabastecer os estoques de olho nas vendas para Black Friday e Natal

 



São Paulo - Depois de alguns anos de forte encolhimento, a venda de bens duráveis pode encontrar um alento, ainda que tímido, neste ano. A redução da Selic e o envelhecimento dos eletroeletrônicos na casa dos brasileiros podem gerar, somados, um movimento de melhora das vendas no último trimestre de 2017. Diante da perspectiva, as varejistas devem ficar atentas e planejar as compras para equilibrá-las com o possível aumento da demanda. "Os estoques estão baixos, então sem dúvida deve haver um processo de recolocação de encomendas. Mas tem que ser feito com cautela, porque a melhora ainda será tênue", afirma o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), Claudio Felisoni.


Com a redução de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros, para 13%, e a tendência de que essa queda continue, o executivo aponta que o desempenho das vendas de bens duráveis deve melhorar, mas que o impacto será diluído ao longo do tempo. "Vai contribuir, mas muito lentamente. Mesmo com a queda da Selic as taxas de juros 'na ponta' continuam muito altas, ainda que declinantes", diz. Segundo ele, para que a redução da taxa chegue no consumidor demora em média de 3 a 6 meses.


A assessora econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Juliana Serapio, também acredita que a diminuição da Selic ajudará no setor. "Ela deve dar um fôlego para as vendas de bens duráveis, principalmente nos últimos meses desse ano", afirma. Segundo ela, a previsão da CNC é de que a Selic feche 2017 em torno de 10%. Para Juliana, no entanto, o momento ainda não é de reabastecer os estoques. "Ainda tem muitos produtos para desovar, então mesmo com a queda não é aconselhável que as varejistas saiam comprando", ressalta a economista.

 


Ânimo do cliente
Apesar da perspectiva de uma leve melhora do setor - que na visão de Felisoni pode fechar este ano com uma alta de 1% - o ânimo dos consumidores brasileiros em relação à compra de bens duráveis ainda segue em patamares baixos.


Na Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de janeiro, por exemplo, o item 'Momento para Duráveis' - que mede a intenção dos brasileiros de comprar esses produtos - foi o que apresentou o pior resultado. No mês, o índice ficou em 52,5 pontos, muito abaixo da média histórica, que é de 108,3 pontos. "Mesmo com o estímulo que a redução dos juros dará, não acredito que esse índice passe dos 60 pontos este ano", aponta Juliana, da CNC.


O indicador vem apresentando crescimento desde julho do ano passado, quando atingiu o valor mais baixo da série histórica, 41,1 pontos (veja no gráfico). Na pesquisa de janeiro o crescimento foi de 8,4%, em relação ao mesmo mês do ano passado, e representou o segundo mês consecutivo de alta nessa base. No comparativo com dezembro de 2016, no entanto, o indicador viu um avanço mais tímido, de 3,2%.


O índice da CNC varia de 0 a 200 pontos, sendo que abaixo de 100 é uma visão negativa. Outro levantamento que também aponta para uma perspectiva ainda fraca para os bens duráveis é a Pesquisa Trimestral de Intenção de Compra, do Ibevar. O estudo mede o ânimo do consumidor paulistano para os meses de janeiro a março. De acordo com o levantamento, praticamente todos os segmentos de bens duráveis mostraram uma retração na intenção de compra, na comparação com o primeiro trimestre do ano passado.


"Essa retração na comparação anual está ligada a avaliação do consumidor em relação ao emprego, que piorou este ano. Existe também essa questão da permanência da situação de crise", explica Felisoni, do Ibevar.

 


Compra por necessidade
Outro fator que pode contribuir para a retomada do setor, na visão do executivo, é o fato de haver uma demanda reprimida muito grande com a crise. "As vendas foram muito contraídas nos últimos anos, e é claro se tem uma vida útil dos produtos. Isso pode ajudar para a retomada, mas a compra por necessidade também vai se dar de forma lenta."


Pedro Arbex


Fonte: DCI - São Paulo


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