Água e formol eram adicionados para neutralizar acidez dos produtos

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RIO - O Ministério Público do Rio Grande do Sul apresentou denúncia contra 41 pessoas envolvidas na fraude de leite e derivados investigada pela 12ª etapa da Operação Leite Compen$ado. Elas foram denunciadas por 19 fatos, que expressam a adição de água e solutos para neutralizar a acidez no leite cru, leite UHT Integral, creme de leite e leite para a fabricação de queijo. A Leite Compen$ado 12, desencadeada no último dia 14, prendeu preventivamente Claudionor Mognon e Henrique Alessi Pasini, que são funcionários da Laticínios Modena (nome fantasia Bonilé), Eduardo Grave, proprietário da Indústria de Laticínios Rancho Belo, o transportador Evandro Luis Kafer e Flávio Mezzomo, sócio oculto da Laticínios C&P - Princesul, e proprietário da empresa Laticínios Modena - Bonilé Ltda. A denúncia tem por base, além do depoimento de mais de 40 pessoas, testes laboratoriais, provas coletadas a partir de estratégias de investigação e documentos encontrados durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão nas cidades de Nova Araçá, Casca, Travesseiro, Marau e Estrela. A denúncia é assinada pelo promotor de Justiça Especializada Criminal Mauro Rockenbach, que coordenou a Operação, em conjunto com o promotor de Justiça de Defesa do Consumidor Alcindo Luz Bastos da Silva Filho. Ambos são coordenadores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado - Núcleo Segurança Alimentar. No total, informou o MPRS, contando as 12 fases da Operação Leite Compen$ado e as quatro da Queijo Compen$ado, investigações que correm em paralelo, já foram denunciadas 203 pessoas, sendo que 72 presas. Até o momento, houve 16 condenações pelas fraudes investigadas.

 

OS DENUNCIADOS

 

De acordo com o MPRS, os 41 denunciados são Eduardo Grave, Evandro Luís Kafer, Gilberto Grave, Eri Henrique Bogner, Lucinéia Jaqueline Lenhard, Ivandra Cristina Muller Kalkmann, Marcelo Drebes, Fabiano Augusto Kafer, Regiane Graf, Lair José Bruxel, Flávio Mezzomo, Taís Elisa Zandoná, Tatiane da Silva Fávero, Maria do Carmo Cipriani, Terezinha Maria Dampiski, Eduardo David Kowalski, Osmar Edson Pansera, Sidmar Luiz Lawandoski, Claudionor Mognon, Catia Terezinha Aurélio Alves, Dionatas dos Santos Ramos, Carla Ribas, Bruna Tibola, Elisandra Krasniévicz Duarte Cobelincki, Fabiane Ampese, Milena Orso Ranzan, Luana Festa Pesenatto, Regina Frasson, Marcelo Cobelincki, Valdair Ortiz Didoliche, Juliane Ortiz Didoliche, Altair de Oliveira, Fabrício Pasolini, Roberto Carlos Giacomini, Sidnei Gabineski, Mônica Oro Valiatti, Eloina Andreolla, Cristiane Dutkevicz, Cassiano Fanton, Maiara Modrak e Henrique Alessi Pasini.

 

Eduardo Grave, sócio-proprietário da empresa Indústria de Laticínios Rancho Belo Ltda., localizada em Travesseiro, liderava a organização criminosa, pois adquiria e fabricava produtos lácteos corrompidos ou adulterados, de maneira que mantinha em depósito para, com isso, expor à venda. Além disso, também era secretário da Cooperativa de Laticínios Glória (Coolag), em Fazenda Vilanova, cujo presidente era o pai dele, Gilberto Grave. Eduardo era ainda responsável por uma das rotas de produtores da Cooperativa, cujo leite cru era entregue para a Rancho Belo. Gilberto e a secretária da Coolag, Lucinéia Jaqueline Lenhard, gerenciavam as rotas de captação de leite cru in natura impróprio ao consumo humano destinado para a Rancho Belo.

 

 

Evandro Luis Kafer é sócio-proprietário da empresa A C Tressoldi Transportes Ltda. e também comercializava e transportava creme de leite industrial impróprio ao consumo humano fabricados pela Rancho Belo. Fabiano Augusto Kafer, irmão de Evandro e funcionário da Rancho Belo, gerenciava e coordenando as atividades de produção do laticínio. Por outro lado, Regiane Graf, também funcionária da mesma empresa, coordenava o controle de qualidade e autorizava o recebimento de mercadoria imprópria na indústria. Marcelo Drebes tinha plena ciência das condições impróprias dos produtos recebidos e fabricados pela empresa Rancho Belo e realizava transações e o encaminhamento de cargas impróprias ao consumo humano. Lair José Bruxel e Eri Henrique Bogner, na condição de motoristas, recolhiam o leite cru junto aos produtores e revendiam as cargas corrompidas ou falsificadas a Eduardo Grave.

 

 

Flávio Mezzomo, sócio-administrador da Laticínios Modena Ltda. (de nome fantasia Bonilé), e sócio oculto da empresa C&P Indústria de Laticínios Ltda. (nome fantasia Princesul), era um dos articuladores do esquema criminoso, pois recebia, fabricava e vendia produtos adulterados, corrompidos e ou falsificados para a Rancho Belo Ltda, além de determinar a adição de neutralizantes de acidez - soda cáustica - nos produtos quando apresentavam este padrão fora dos parâmetros legais. As funcionárias do laboratório da Princesul Taís Elisa Zandoná, Tatiane da Silva Fávero e Maria do Carmo Cipriani auxiliavam Flávio Mezzomo ao não incluírem nas planilhas do laboratório destinadas à atuação fiscal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento as inconformidades identificadas nas análises realizadas nos produtos lácteos recebidos e fabricados na empresa, maquiando os reais dados das análises técnicas do laboratório.

 

 

Terezinha Maria Dampiski, queijeira da Princesul, era a responsável pela adição de substâncias impróprias na produção, bem como a mistura de cargas adulteradas, falsificadas ou corrompidas, impróprias ao consumo humano, em cargas de maior quantidade das que estavam próprias para consumo, fazendo diluição. Maiara Modrak e Eloina Andreolla, responsáveis pelo setor de qualidade e pelo laboratório da Princesul, sabedoras da impropriedade das cargas de leite e derivados recebidas, fabricadas e vendidas, auxiliam para concretização do crime, orientando as funcionárias do laboratório a realizarem a alteração dos dados das planilhas pela inserção de resultados fictícios nas análises de recebimento e saída de matéria-prima leite fora dos padrões.

 

 

Altair de Oliveira, gestor de compras das empresas Bonilé e Princesul, além orientar na adição de soda cáustica para neutralizar a acidez na produção do creme de leite, atuava como facilitador do transporte de cargas de leite cru adulteradas, corrompidas ou falsificadas, já que era proprietário da empresa Wor Transportes. Claudionor Mognon, supervisor da produção da Bonilé, repassava as orientações de Flávio Mezzomo aos demais denunciados, determinava o recebimento dos alimentos lácteos adulterados, corrompidos e ou falsificados, para fabricá-los e vendê-los para outras empresas, como a Rancho Belo. Ele também determinava aos funcionários quando havia necessidade de adulterar o produto corrompido e realizar o acréscimo de soda cáustica.

 

 

Cristiane Dutkevicz, Fabiane Ampese, Milena Orso Ranzan e Catia Terezinha Aurélio Alves eram as responsáveis pelas análises do laboratório da Bonilé e, sob a ordem der Flávio Mezzomo, alteravam o real resultado dos exames quando detectados padrões fora dos parâmetros nos produtos lácteos recebidos. As queijeiras da Bonilé Carla Ribas, Luana Festa Pesenatto e Elisandra Krasniévicz Duarte Cobelincki utilizavam a mesma firma de agir, pois também adicionavam soda cáustica ao creme de leite. Marcelo Cobelincki, supervisor da queijaria, repassava ordens e também adicionava o neutralizante de acidez ao produto, além de determinar o recebimento de matéria prima fora dos padrões.

 

 

Dionatas dos Santos Ramos, Valdair Ortiz Didoliche e Cassiano Fanton, plataformistas e queijeiros da Bonilé, eram os responsáveis pelo recebimento de produtos adulterados, corrompidos ou falsificados. Valdair era também o responsável pelo reprocessamento de queijo devolvido por estar impróprio ao consumo humano, ao passo que Cassiano adicionava soda cáustica ao creme de leite com padrões fora dos parâmetros legais. Os motoristas Fabrício Pasolini, Eduardo David Kowalski e Sidnei Gabineski transportavam e vendiam para Mezzomo as cargas de leite cru refrigerado adulteradas e com seu valor nutricional reduzido. Regina Frasson e Bruna Tibola, analistas de controle de qualidade da Bonilé, juntamente com a responsável técnica Mônica Oro Valiatti, sabiam dos ajustes realizados nas planilhas de análises de matéria-prima que ocorriam no laboratório e da adição de soda cáustica no preparo do creme de leite. Mônica Oro Valiatti, química industrial e consultora de qualidade da empresa, orientava Bruna Tibola, Claudionor Mognon e Regina Frasson a como proceder quanto ao transporte, acondicionamento e venda do produto creme de soro.

 

 

Juliane Ortiz Didoliche auxiliava na confecção de notas fiscais fictícias da Bonilé em relação à remessa de cargas que deveriam ser descartadas para ração animal a Roberto Carlos Giacomini, agricultor e suinocultor. Giacomini assinava o recebimento das cargas lançadas nas respectivas notas fiscais de descarte, quando, em realidade, elas eram revendidas a outros clientes ou misturadas a outros produtos lácteos fabricados nas empresas de Flávio Mezzomo. Henrique Alessi Pasini, gerente comercial da Bonilé, sabedor das péssimas condições dos produtos lácteos produzidos na empresa, era o responsável pelo escoamento das cargas para empresas compradoras, especialmente a Rancho Belo.

 

 

 

Osmar Edson Pansera e Sidmar Luiz Lewandoski, respectivamente gerente e responsável pelo setor comercial da Cooperativa Tritícola de Sananduva (Cotrisana), articulavam a venda de leite cru refrigerado adulterado ou corrompido para a Bonilé. Ivandra Cristina Muller Kalkmann, representante comercial de empresas de aves, embutidos, suínos, bovinos, pescados e laticínios, expedia notas fiscais de devolução de cargas de queijo da Princesul impróprias ao consumo humano, bem como da recolocação do mesmo queijo para outro fornecedor.

 

 

Fonte: Portal OGlobo

 


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