Família de menor renda ainda sente a inflação em alta, afirma estudo da FGV

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São Paulo - O topo da pirâmide social já percebe uma inflação menor para os próximos 12 meses, enquanto a população de menor renda ainda aponta os preços em elevação, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).

 

Em um contexto geral, o levantamento mostra um recuo de 0,2 ponto percentual de expectativa de inflação ante maio para 6,9% em junho (menor desde janeiro de 2013, quando marcou 6,3%), de acordo com os consumidores. Comparada ao mesmo período no ano passado, a redução é de 3,6 pontos percentuais em 12 meses.

 

Na separação por faixa de renda, no entanto, a percepção do indicador de preços é consideravelmente diferente. Famílias cuja renda mensal chega até R$ 2,1 mil tiveram a percepção de queda na inflação, saindo de 8,3% em maio para 7,3% em junho. O inverso acontece com as famílias com renda entre R$ 2,100,01 e R$ 4,8 mil, que esperam aumento para 8,3% ante 7,5% do último mês. Apesar da expectativa de recuo entre na faixa de menor renda, a redução ainda é muito maior entre os mais favorecidos. Nas famílias cuja renda ultrapassa os R$ 9,6 mil mensais, a expectativa caiu de 5,4% em maio para 5,1% em junho.

 

Entre os grupos com renda entre R$ 4,800,01 e R$ 9,6 mil ao mês, a expectativa é de que a inflação para junho seja de 7,2%, apenas 0,1 ponto percentual maior do que a projeção anterior, de maio.

 

De acordo com especialistas consultados, a cesta de consumo de cada classe e o acesso à informação são os principais fatores de influência sobre essa diferente percepção da inflação. "Normalmente, quem possui renda maior tem mais acesso à informação e escolaridade, e com isso se adquire uma noção maior sobre a inflação. Classes mais baixas levam mais em conta o que vivenciam na hora de opinar, e têm menos acesso às informações sobre economia. Tem também a cesta de consumo. A faixa de renda baixa leva mais em conta: alimentos, produtos não duráveis, aluguel e transporte. Já a faixa de renda mais alta tem menor peso com: transporte, alimentação e moradia, e mais com bens duráveis", explica a coordenadora da Sondagem do Consumidor do FGV/IBRE, Viviane Seda.

 

Apesar das expectativas de queda, a sensação de real influência da queda da inflação no dia-a-dia do consumidor pode não ser assim tão palpável na maior parte dos preços. "Acho muito difícil que o consumidor perceba porque o poder de compra dele continua muito limitado, e o ritmo de recuperação segue bem lento. A expectativa é de que realmente a inflação caia nos próximos meses, mas não de que os preços também caiam, mas sim, que subam menos. No cenário atual, eles continuam subindo", avalia o professor de economia da Pontifícia Universidade Católica, Antônio Correa de Lacerda.

 

O professor ainda vê o movimento do indicador de preços como amenizador do comprometimento de renda de muitas famílias. "Podemos observar um desemprego ainda muito elevado, e com isso houve uma queda muito substancial na renda mensal dos consumidores. A queda da inflação então, nesse contexto, consegue amenizar o efeito de perda de poder de compra", continua.

 

De acordo com Viviane Seda, o índice mostrou uma aproximação entre a opinião de consumidores e especialistas, há tempos distanciada. "É bom ver a redução da diferença entre expectativas dos consumidores e dos especialistas. Havíamos nos distanciado bastante, o que fazia com que consumidores não acreditassem tanto que os preços iriam cair. Existia um certo medo de oscilação. É um ponto favorável que esse descolamento tenha se reduzido, a expectativa está se alinhando à dos especialistas", conta Viviane.

 

Deflação momentânea

 

Segundo a FGV/IBRE, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da última semana apresentou variação de -0,12%1, 0,25 ponto percentual abaixo da taxa registrada na última divulgação do indicador.

 

Nesta apuração, sete das oito classes de despesa componentes do índice apresentaram decréscimo em suas taxas de variação. A maior contribuição partiu do grupo Habitação (0,44% para -0,18%).

 

 

Fonte: DCI 

 

 


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