Recessão deve ter sido revertida no 1º semestre, porém retomada é frágil

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São Paulo - Indicadores divulgados ontem apontam para uma reversão da recessão do País no primeiro semestre, porém com a perspectiva de uma retomada ainda muito frágil.

 

O alto nível de inadimplência das empresas e dos consumidores, a desconfiança com o cenário político e a contração persistente da construção civil e dos investimentos são os fatores que impedem uma recuperação mais acelerada da atividade.

 

Após avançar 0,5% na margem (contra trimestre imediatamente anterior) em abril, o Produto Interno Bruto (PIB) de maio recuou 0,9%, de acordo com o Monitor do PIB calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). Na comparação com maio de 2016, porém, o PIB cresceu 0,7%, retomando trajetória de recuperação, já que, no mês de abril, o índice havia apurado queda de 1%.

 

O Indicador Serasa Experian de Atividade Econômica, por sua vez, retraiu 0,2% na margem, em maio. Já na comparação com o mesmo mês do ano passado, a atividade subiu 0,9%. Para o economista da Serasa Experian Luiz Rabi, os números da instituição divulgados até o momento mostram que o PIB do segundo trimestre terá uma alta menor do que no primeiro (+1%). "Se em junho o PIB ficar zero em relação a maio, o segundo trimestre terá um avanço de 0,2% apenas."

 

Próximo de zero

 

Por um lado, a agropecuária devolverá uma parte do aumento obtido nos primeiros três meses do ano e, por outro, o "crescimento muito próximo de zero" da indústria e dos serviços não conseguirá compensar a alta do primeiro setor.

 

"Para os outros trimestres, a tendência é que a economia continue em expansão, mas em um ritmo muito lento", diz Rabi. "Os consumidores e as empresas ainda estão muito inadimplentes, então não dá para contar com o crédito ajudando a economia. Estamos com um número recorde de empresas inadimplentes: são mais de cinco milhões hoje no Brasil", complementa ele.

 

Rabi pontua que a saúde financeira das companhias permite o investimento de longo prazo, o qual tem um efeito multiplicador na economia.

 

A construção civil, por sua vez, gera o mesmo impacto na atividade. Porém, o setor ainda registra números muito negativos, impedindo, na avaliação do coordenador do Monitor do PIB Claudio Considera, uma recuperação do indicador de Formação bruta de Capital Fixo (FBCF, investimentos).

 

No trimestre encerrado em maio, a construção civil caiu 8,4% em relação ao mesmo período de 2016, contribuindo, segundo o Ibre-FGV, em 4,5 ponto percentual para o total da FBCF, que apresentou recuo de 3,6% no mesmo período.

 

Já o componente de máquinas e equipamentos ficou em patamar positivo, com variação de 4,0%, puxado pela demanda do setor agrícola.

 

"Além de as construtoras estarem envolvidas na Lava Jato, a demanda pela construção civil vem, em boa parte, dos governos federal, estaduais e municipais que estão com um orçamento limitado", diz Considera, acrescentando que uma retomada mais sustentável da economia dependerá da resolução da crise política e da aprovação das reformas.

 

Já o consumo das famílias teve queda de 0,6% no trimestre encerrado em maio, ante igual trimestre de 2016. No entanto, o consumo de produtos semiduráveis (vestuários, calçados, etc), que já vinha apresentando contribuição positiva desde o trimestre findo em março, ampliou a sua colaboração para 0,7 ponto no indicador de consumo, no trimestre encerrado em maio.

 

Para Rabi, no entanto, o consumo de semiduráveis tem um impacto limitado. "Este setor tem poucos fornecedores não geram tanto impacto na cadeia, como o imobiliário, a construção civil, por exemplo, que movimenta a indústria do aço, do plástico, do cimento."

 

 

Fonte: DCI São Paulo

 

 

 


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