Inflação de serviços mostra recuo, mas há riscos de alta no curto prazo

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São Paulo - Enquanto que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve desaceleração de 5,84 pontos percentuais desde junho de 2016, a inflação de serviços recuou 1,3 ponto percentual no mesmo período.

 

Os preços desse setor, um dos componentes do IPCA, subiram 5,72% nos 12 meses encerrados em junho, superando a alta de 3% do índice geral. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

De acordo com analista consultado pelo DCI, a inflação de serviços recua mais lentamente porque as pessoas resistem a abrir mão de alguns itens, como aqueles relacionados à educação, mesmo durante o período de crise econômica.

 

"A desaceleração que estamos vendo [nos serviços] acontece por causa de um recuo na demanda por bens mais supérfluos, como as passagens aéreas e o aluguel de veículos", afirma José Fernando Gonçalves, gerente de índices de preços do IBGE.

 

Entre janeiro e junho de 2017, as passagens aéreas acumularam deflação de 20,06%. No ano terminado no mês passado, o preço de hotéis caiu 4,25% e o do aluguel de veículos recuou 2,48%. Por outro lado, os cursos regulares de educação ficaram 9,3% mais caros nos mesmos 12 meses.

 

Além da demanda menor, o arrefecimento de itens de outros setores favorece os preços de serviços. "Por causa da supersafra, os alimentos têm inflação mais baixa, o que ajuda nos custos dos restaurantes", exemplifica o entrevistado. A energia elétrica mais barata também ajuda o setor, complementa Gonçalves.

 

Nos 12 meses terminados em junho deste ano, a inflação do grupo alimentação e bebidas subiu 1,13%, uma desaceleração de 11,7 pontos percentuais no confronto com igual período encerrado em 2016.

 

Impostos maiores

 

Entretanto, esse impacto indireto não deve ser favorável no segundo semestre. O principal motivo, segundo os especialistas, será a alta do PIS/Cofins sobre os combustíveis.

 

"O frete vai ficar mais caro, o que deve ter várias consequências", diz João Ricardo Costa Filho, professor de economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Com o "efeito cascata", deve ficar mais cara, por exemplo, a alimentação fora de casa, já que o custo maior do transporte de alimentos deverá ser repassado ao consumidor.

 

O setor de serviços, segue o professor, tem menor exposição à concorrência internacional, o que permite que esse repasse seja maior. "No caso da indústria, por outro lado, existe competição com algumas empresas estrangeiras, o que impede que o aumento de preços seja muito alto."

 

As novas alíquotas do PIS/Cofins ainda devem ter impacto direto em serviços como o transporte aéreo, que dependem dos combustíveis para operar, indica o professor.

 

Queda dos monitorados

 

Também parte do IPCA, os preços monitorados tiveram desaceleração maior no último ano. O índice acumulado em 12 meses recuou 6,62 pontos percentuais desde junho do ano passado, chegando a 3,3% em igual mês de 2017.

 

Para o segundo semestre, a os especialistas fazem projeção semelhante à dos serviços: com o aumento do PIS/Cofins, alguns dos monitorados devem avançar. Entre eles, a gasolina e o diesel, cujas alíquotas foram alteradas pelo governo e que são componentes do cálculo do IBGE.

 

A falta de chuva também pode elevar os preços, revertendo a trajetória da energia elétrica, diz Gonçalves. Nos 12 meses encerrados em junho, este item ficou 5,82% mais barato.

 

Ao falar sobre a desaceleração dos monitorados, o entrevistado destaca a queda de 3,36% do telefone fixo no último ano, que não deve ter alteração significativa durante o segundo semestre.

 

Mesmo com a tendência de alta para os próximos meses, os analistas financeiros mantêm a aposta de que o IPCA ficará bem abaixo da meta do governo (4,5%) neste ano. O último relatório Focus projeta alta de 3,3% para 2017.

 

 

Fonte: DCI São Paulo

 

 

 


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