Na crise, marca própria vira opção de economia

Leia em 4min 20s

As incertezas econômicas impactam nos hábitos de compra do consumidor, que busca alternativas para garantir o equilíbrio no orçamento, mas não quer perder as conquistas alcançadas nos últimos anos. Neste cenário, de consumo mais seletivo, quem ganha espaço é a Marca Própria (MP).

 

Com preços, em média, 13% mais em conta, segundo último Estudo Nielsen sobre Marcas Próprias no Brasil, essa diferenciação garantiu o crescimento do setor em 2016. Ano passado, a MP cresceu mais do que as marcas líderes, 13,4% e 9,6% respectivamente. Produtos básicos como papel higiênico (25%), feijão (19%), leite asséptico (18%), óleos para cozinhar (18%), açúcar (15%) e arroz (15%) foram os que mais contribuíram para esse bom resultado.

 

A economista Renata Santos Pereira, 30 anos, consumidora de marcas próprias justifica a escolha com a expressão jargão do segmento: "qualidade e preço". "Eu compro a primeira vez para testar e, é boa e gosto, incluo em meu consumo", conta. "Não tem porque não consumir se a qualidade for boa", afirma ressaltando a necessidade de opções mais econômicas nos dias atuais. "Está tudo muito caro, qualquer econômia é bem-vinda."

 

A observação de Renata retrata o cuidado com o qual as empresas têm tratado esse nicho de mercado, que nasceu no final da década de 1970, mas só em 1990, quando surgiu a marca própria do varejista, ganhou espaço. " Na década de 90 que a marca própria se desenvolveu e começou a realmente competir as marcas dos fabricantes. Desde então começou a preocupação com a qualidade do produto e o brand equity (valor de marca)", explica Susi Garrett, mestre em marketing.

 

Segundo a Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (Abmapro), no Brasil, o número de produtos de marca própria está na casa dos 60 mil em diferentes segmentos, desde supermercados, a confecções, construção civil e até farmácias.


Itens estão em 32 milhões de casas

Comparando 2015 com 2016, quase metade do crescimento (48%) de Marca Própria (MP) foi impulsionado por novos compradores e 40% veio pelo maior volume por ocasião de compra, segundo a pesquisa da Nielsen. O número de lares brasileiros que consume algum produto de marca própria já ultrapassou 32 milhões.

 

Um ponto importante para a abrangência da MP foi a entrada de novos players e o lançamento de produtos. Segundo a Nielsen, foram lançadas 58 novas Marcas Próprias, sendo 51 de varejistas regionais, e 2.190 produtos distribuídos em 148 categorias. O crescimento total foi de 28% no números de itens deste segmento no mercado. Papel higiênico (25%), feijão (19%), leite asséptico (18%), óleos para cozinhar (18%), açúcar (15%) e arroz (15%) foram os que mais contribuíram para esse bom resultado.

 

Farmácias apresentam maior avanço

A Marca Própria (MP) continua com expressivo crescimento em Farmácias. Em apenas 6 anos, o faturamento é 5 vezes maior e conseguiu superar a variação da marca fabricante desde 2015. Inovação também é um importante driver para o canal, com ênfase para produtos de tratamento para pele ( contribui com 32% do crescimento total MP) e lenços umedecidos (contribui com 28%).

 

Em 2016, 46 categorias apresentaram produtos de Marca Própria em Farma com 424 lançamentos. Entre as redes que atuam em Curitiba e têm marca própria estão a Panvel e Pague Menos

O atacarejo, também conhecido como Cash & Carry, apresentou expressivo crescimento nas vendas de MP, porém ainda é muito subdesenvolvido no segmento. Categorias básicas, que têm maior peso no autosserviço, são as maiores oportunidades de desenvolvimento no canal.

 

As MP premium são movimentadas por lançamentos e saudabilidade. Os lançamentos representam 33% dos itens e 100% do crescimento dessas marcas, e 37% do faturamento do segmento vem de marcas com proposta de saudabilidade.

Umas das redes de varejo com forte atuação no País é o Grupo Pão de Açúcar (GPA), detentor das marcas de loja Extra e Pão de Açúcar. O grupo tem várias marcas, entre as quais as mais conhecidas são a Qualitá (produtos do dia a dia) e a Taeq (alimentação saudável, com destaque para os orgânicos), sendo essa última a única marca própria a constar no Ranking de Marcas Mais Valiosas da Interband.

 

Além destas duas marcas, o GPA têm a Finlandek - para artigos para casa e decoração -, Casino - itens de produtos gourmets diferenciados, - Club des Sommeliers - marca de vinhos selecionados com curadoria do especialista e sommelier Carlos Cabral -, Pra Valer - marca de primeiro preço lançada em 2014 -, e Liss - marca de cuidados pessoais, como algodão, escova de dente, fio dental e removedor de esmalte.

 

Segundo as informações do grupo, entre 2015 e 2016, o crescimento das MP no GPA foi de 5% e 6%. A participação das marcas próprias no faturamento do GPA é de 11,7%.

 

 

Fonte: Bem Paraná



 


Veja também

Com combustível mais caro, mercado volta a elevar previsão para inflação

Os economistas do mercado financeiro elevaram pela segunda semana consecutiva sua estimativa de inflação p...

Veja mais
Confiança do setor de serviços no Brasil volta a subir em julho, diz FGV

O Índice de Confiança de Serviços (ICS) do Brasil voltou a subir em julho e devolveu parte da queda...

Veja mais
Lucro líquido da Hypermarcas salta 10,5% no 2º trimestre

A Hypermarcas registrou um aumento de 10,5 por cento no lucro líquido do segundo trimestre na comparaç&ati...

Veja mais
No trimestre encerrado em junho, desocupação foi de 13,0%

A taxa de desocupação do trimestre móvel abril / junho de 2017 (13,0%) recuou 0,7 ponto percentual ...

Veja mais
Varejo projeta alta de até 7% no Dia dos Pais

São Paulo - Três levantamentos divulgados ontem (27) pelo varejo apontam para vendas superiores no Dia dos ...

Veja mais
Inflação de serviços mostra recuo, mas há riscos de alta no curto prazo

São Paulo - Enquanto que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve desaceleraç&atil...

Veja mais
PIB do País depende do capital privado, mas recursos estão limitados

São Paulo - Como o governo atravessa um período de déficits anuais seguidos (2014-2018), ou seja, s...

Veja mais
Redução de 1 ponto leva Selic a 9,25% ao ano, o menor patamar desde 2013

São Paulo - O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou, ontem, um corte de 1 ponto perce...

Veja mais
Governo Federal alcança déficit de R$ 56 bilhões

O governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social) registrou déficit primário ...

Veja mais