Desembolsos do BNDES devem cair e ficar abaixo do patamar visto em 2001

Leia em 3min 40s

São Paulo - Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) devem, em um cenário otimista, ficar pouco acima dos R$ 65 bilhões neste ano, segundo o presidente da instituição, Paulo Rabello de Castro.

 

"Se [o BNDES] emprestar mais de R$ 65 bilhões, já vai ser muito", disse o executivo, durante palestra realizada ontem na Associação Comercial de São Paulo (ACSP). "A economia brasileira está anêmica: não há apetite para investimentos no mesmo ritmo que nós víamos no passado", justificou ele. Em 2016, foram desembolsados R$ 88,257 bilhões pelo banco.

 

No cenário desenhado por Rabello para 2017, os empréstimos do BNDES seriam inferiores aos de 2001. Em valores correntes, os desembolsos daquele ano ficaram perto dos R$ 83 bilhões, de acordo com tabela apresentada pelo executivo.

Ao defender que é necessário "desatar o nó do crédito", ele afirmou que o investimento no País cairia mais sem o apoio do banco. "Se fechar a luz do BNDES, do Banco do Nordeste, do Desenvolve São Paulo, nós vamos para 6% de investimento em relação ao PIB [Produto Interno Bruto]". Para 2017, ele estimou que essa parcela vai ficará abaixo dos 15%.

 

Sobre o ajuste fiscal promovido pelo governo, Rabello pediu que, para preservar o fomento produtivo, sejam feitos cortes em outras rubricas. "A única despesa que devia ser protegida [investimento] é objeto de ajuste."

 

Ele também criticou a abordagem do Ministério Público (MP) na Lava Jato. "Não sobrou uma grande empreiteira para fazer negócio. Estão jogando fora o bebê junto com a água do banho", afirmou. "Temos que ensinar economia aos senhores procuradores."

 

Capital de giro

 

O presidente do banco de fomento disse que será lançada, no dia 25 de agosto, a linha de crédito BNDES Giro Pré-Aprovado. "É o mesmo que o Progeren [mecanismo usado atualmente], só que sem o retrabalho que o banco particular ou público tinha de mandar a ficha do interessado de volta para o BNDES", explicou o palestrante da instituição.

 

Ainda no dia 25 deste mês, deve ser lançado o Cartão BNDES Agro, para o financiamento do setor, acrescentou Rabello. Ele também adiantou que uma atualização do Cartão BNDES deve ser apresentada até o final de 2017.

O executivo, empossado há menos de três meses, voltou a indicar que os desembolsos para as empresas de menor porte serão prioritários durante a sua gestão no banco.

 

Lucro ao controlador

Sobre o desempenho do banco no primeiro semestre, que contou com lucro líquido de R$ 1,34 bilhão, Rabello afirmou que o BNDES é "muito lucrativo". Segundo ele, a instituição contribuiu, nos últimos dez anos, com mais de R$ 129 bilhões para a composição do superávit primário do governo. Entre janeiro e junho de 2016, entretanto, o banco teve prejuízo de R$ 2,17 bilhões.

 

"Hoje, um dos motivos para o déficit [primário] não ser maior é a devolução de recursos, via dividendos e tributos pagos [à União], pelo BNDES", disse Rabello. De acordo com ele, o lucro da instituição financeira pode alcançar os R$ 6 bilhões até o final de 2017.

Divulgados ontem pelo banco, os dados do primeiro semestre mostraram que os desembolsos ficaram em R$ 33,5 bilhões, uma queda de 17% na comparação com o mesmo período do ano passado.

 

TLP no Congresso

 

Rabello também afirmou que não será o "fim do mundo" se a Taxa de Longo Prazo (TLP) continuar sem a aprovação do Congresso Nacional até o dia 6 de setembro, data limite para que a medida provisória que instituiu a TLP seja apreciada pelos parlamentares.

 

"A [medida], como diz o próprio nome, é de longo prazo, e começa a ter repercussão apenas em 2019. O País pode ficar tranquilo, porque nós temos mais problemas emergenciais além deste para resolver."

Rabello ainda criticou o estudo publicado ontem pela imprensa, que projetou, para os próximos dez anos, uma economia de R$ 100 bilhões aos cofres públicos com a implementação da TLP. Na opinião dele, o trabalho foi feito com cálculos "meramente especulativos", comentou.

 

 

Fonte: DCI São Paulo

 

 


Veja também

Balanço favorável do Dia dos Pais cria ambiente melhor para venda no Natal

São Paulo - O desempenho mais favorável do varejo no Dia dos Pais deste ano, em comparação c...

Veja mais
Mercado projeta inflação a 3,50% neste ano

Na esteira do último resultado mensal da inflação, divulgado na semana passada, os economistas do m...

Veja mais
Governo discute nova meta fiscal

O governo do presidente Michel Temer não deveria anunciar novas metas fiscais para 2017 e 2018 ontem em meio a in...

Veja mais
Vendas do varejo avançam pelo 3º mês seguido, diz IBGE

As vendas do comércio varejista brasileiro cresceram 1,2% em junho frente ao mês anterior (com ajuste sazon...

Veja mais
Supermercados e veículos puxaram varejo em junho, afirmam analistas

Depois da decepção com a queda nas vendas do varejo em maio, economistas esperam um desempenho melhor do s...

Veja mais
Fazenda pede prioridade à reforma da Previdência

Em um momento que se debate a ordem de votação das reformas propostas pelo governo, o secretário-ex...

Veja mais
Estrangeiros voltam a investir no País

São Paulo - Os investidores estrangeiros estão, aos poucos, voltando a olhar o Brasil com interesse, depoi...

Veja mais
Déficit maior em 2017 e 2018 dificulta ajuste

Brasília - A ampliação do rombo previsto para 2017 e 2018 tornará ainda mais difícil ...

Veja mais
Bancos estão otimistas com a retomada da economia

São Paulo- O mercado financeiro adotou um discurso de otimismo para a economia, mas com cautela por causa das inc...

Veja mais