Varejista ajusta estoque antecipando a retomada do consumo no Sudeste

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Após amargar dois anos consecutivos de recessão, o setor varejista no Sudeste, com exceção do Rio de Janeiro, ensaia retomada gradual na adequação dos níveis de estoque em 2018. Fatores como inflação abaixo da meta, taxas de juros menores e o reaquecimento da economia têm sustentado o movimento otimista.

 

De acordo com a pesquisa realizada pela Fecomércio-SP, em fevereiro de 2018, a parcela de empresários que considera seus estoques adequados atingiu 56%, alta de 7,9 pontos percentuais (p.p.) sobre um ano antes.

 

Em relação a janeiro, o percentual de entrevistados que considera o volume de mercadorias excessivo caiu 3,6 p.p., indo a 28,2% em fevereiro; ao passo que 14,4% classificaram seus estoques abaixo da demanda, recuo de 0,7 p.p. na mesma base de comparação.

 

Até o primeiro semestre deste ano, a estimativa da entidade é de que 60% dos lojistas considere adequado seus estoques – percentual registrado apenas em janeiro de 2014. “Com o clima de mau humor no mercado diminuindo, a tendência é de um ânimo moderado no varejo”, diz o especialista da Fecomércio-SP, Fábio Pina.

 

De acordo com ele, um fator sazonal também ajudará os lojistas de bens duráveis. “A Copa do Mundo vai ser um termômetro para as lojas de eletroeletrônicos”, declara Pina, destacando que grandes eventos esportivos aquecem as vendas de televisores.

 

Em um movimento similar ao descrito por Pina, Gerson Eugênio, diretor comercial paulistana De Meo Máquinas e Ferramentas, planeja elevar em ate 30% o estoque este ano. Após concentrar seus investimentos na infraestrutura da empresa, o executivo afirma que a expansão dos estoques voltou aos planos do negócio neste ano. “Sentimos a necessidade de ampliar nossa capacidade de armazenagem para atender as demandas emergenciais.”

 

Otimismo mineiro

 

Estudo da Fecomércio-MG, feito em dezembro revela que Minas Gerais foi o estado com maior crescimento no volume de vendas na Região Sudeste: 5%, sobre um ano antes. Em seguida estão São Paulo (1,5%), Rio de Janeiro (-1,9%) e Espírito Santo (-2,3%).

 

“Para 2018, existe perspectiva favorável por parte do empresário, embasada na melhoria do ambiente econômico como um todo”, diz o especialista da entidade, Guilherme Almeida. Ele indica a queda de juros no comércio – atualmente em 5,40% ao mês – e o IPCA de 2017 registrando 2,95%, seu menor nível desde 1998, como fatores que sustentam o movimento positivo.

 

Entre os mineiros a parcela de empresários com estoque adequado foi de 54% em fevereiro; aqueles com excesso de mercadorias eram 29,29% e o percentual de negócios com armazenamento insuficiente de produtos era de 17,65%. O especialista diz que, embora os indicadores do varejo apontem otimismo, inclusive com definições eleitorais ao longo do ano, os efeitos da crise permanecem no setor.

 

Alinhado a esta perspectiva cautelosa, está Gláucia Froes, diretora da loja de vestuário Plural, em Belo Horizonte. Segundo a empresária, em virtude da crise, as vendas recuaram e o momento não é dos melhores para elevar os estoques. “Ano de Copa e eleição não é o melhor momento para realizar investimentos, porque existem muitas incertezas”, diz Gláucia, que declara estar com o estoque adequado à pequena demanda atual.

 

No Espírito Santo, segundo a Fercomércio-ES, no acumulado de 12 meses até fevereiro, o percentual de empresários com estoque adequado soma 60%. Aqueles que o classificam a quantidade de produtos como excessivas foi de 23,6%; e, por fim, o número de lojistas com volume de mercadorias inferior à demanda foi 11,9%.

 

Para o coordenador do Provar/FIA, Cláudio Felisoni, o “desconforto” no cenário econômico será amenizado ao longo de 2018 com definições eleitorais. Por outro lado, diz ele, a renda familiar real do consumidor caminha para um crescimento gradual pela queda da inflação e taxas de juros.

Ponto fora da curva

 

No Rio de Janeiro, o cenário ainda é “muito incerto e difícil, sem perspectiva de retomada nas vendas em todos os segmentos no varejo”, cravou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio), Aldo Gonçalves.

 

Gonçalves afirma que, diferente do “resto do Brasil”, o fato de Rio enfrentar uma grave crise financeira, de segurança pública e uma situação de “desordem urbana” contribui para intensificar as quedas no setor.

 

Segundo pesquisa feita pela entidade, nos últimos 12 meses até fevereiro, os setores que apresentaram maior queda foram os de joias (-5,2%), óticas (-4,8%), confecção (-4,3%), eletrodomésticos (-3,6%), tecidos (-1,3%) e o de calçados (-0,3%). Não houve divulgação de números referentes a adequação dos estoques do varejo.

 

Fonte: DCI


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