Comércio e indústria cobram juros mais baixos para consumidor final

Leia em 2min 50s

Entidades empresariais criticaram hoje (1º) a demora para os juros baixos chegarem ao consumidor final. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) destacou que, mesmo taxa básica de juros estando em níveis historicamente baixos, a queda ainda não foi plenamente percebida nos custos dos empréstimos.

 

“São cruciais, portanto, medidas que reduzam o elevado custo do crédito, refletido nos elevados spreads bancários, que há várias décadas é um dos mais altos do mundo. Para reduzir o alto custo do crédito, é necessário adotar medidas que combatam de fato a baixa concorrência no sistema bancário brasileiro”, diz, em nota, a Fiesp. Spread é a diferença entre o que os bancos pagam na captação de recursos e o que eles cobram ao conceder um empréstimo.

 

Para a Fiesp, reformas que equacionem o desequilíbrio fiscal são cruciais “para que a taxa [básica de juros] Selic recue de forma consistente para níveis condizentes com os padrões internacionais”.

 

Nesta quarta-feira, pela terceira vez seguida, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve os juros básicos da economia, atualmente em 6,5% ao ano.

 

Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) salientou que os juros reais brasileiros ainda estão muito altos, se comparados à média internacional, afetando a competitividade do país. “A questão primordial, porém, é que a queda da taxa básica de juros não chegou na mesma proporção às operações de crédito para pessoas físicas e jurídicas, pois os spreads bancários continuam muito elevados, apesar da leve trajetória descendente atual”, destacou a entidade.

 

De acordo com a Abit, estima-se que famílias, empresas e governos deverão pagar, neste ano, cerca de R$ 800 bilhões em juros, “o que caracteriza  uma transferência brutal de renda, que tira dinheiro dos setores produtivos e do consumo, mitigando o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos no país]”.

 

A Associação Brasileira da Indústria Gráfica cobrou ações do Banco Central para que a taxa de juros real seja reduzida a patamares compatíveis com a Selic. De acordo com a entidade, os bancos praticam taxas de crédito muito altas, e isso impede novos investimentos para aumentar a competitividade e elimina a chance das empresas renegociarem suas dívidas.

 

“Todo o mercado bate na mesma tecla, e o BC [Banco Central] não age. Adotar o Cadastro Positivo, atrair bancos estrangeiros para operar no país e incentivar o crédito via internet são apenas algumas das ferramentas que o governo dispõe para ajudar o setor produtivo a crescer”, destacou em nota.

 

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) ressaltou que a decisão de não alterar a Selic foi a mais acertada diante do cenário atual. “Apesar de a inflação estar dentro da meta, o câmbio está pressionado, e as incertezas tornam os mercados mais cautelosos. Manter a taxa de juros no atual índice foi a medida adotada para reduzir riscos.”

 

Para a FecomercioSP, um novo ciclo de redução da Selic só poderá ocorrer em um próximo governo, desde que este "se comprometa com reformas estruturais para que o Brasil se torne atraente e seguro para os investidores”.

 

 

Fonte: Agência Brasil

 


Veja também

Projeto de lei inclui botijão de gás na cesta básica

Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que, se aprovado, incluirá o GLP (gás liquefeito d...

Veja mais
Mercado de trabalho enfraquecido gera o endividamento das famílias

Em janeiro, endividamento voltou a crescer, diz BC. Dos brasileiros que usam cartão, 20% entendem que ele é...

Veja mais
Preços globais dos alimentos caem 3,7% em julho na comparação com junho, diz FAO

Os preços dos alimentos caíram 3,7 por cento em julho em relação ao mês anterior, a ma...

Veja mais
IPC-S desacelera alta a 0,17% em julho, com queda nos preços de alimentação, diz FGV

São Paulo - O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) desacelerou a alta a 0,17 por cento em...

Veja mais
Pesquisa do IBGE mostra recuperação gradual do emprego e renda

A Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do trimestre abril-junho div...

Veja mais
Mercado Externo: China avaliará sobretaxas, diz Temer

O presidente Michel Temer disse nesta segunda-feira, 30, que o presidente da China, Xi Jinping, se comprometeu a analisa...

Veja mais
Recua incerteza na economia

O Indicador de Incerteza da Economia Brasileira (IIE-Br) recuou 8,3 pontos na passagem de junho para julho deste ano, pa...

Veja mais
Intenção de consumo recua pela quarta vez seguida em São Paulo

A intenção de consumo das famílias paulistanas registrou, em julho, queda pelo quarto mês con...

Veja mais
Confiança de serviços no Brasil sobe após quatro quedas consecutivas, diz FGV

São Paulo - A confiança do setor de serviços subiu em julho e interrompeu sequência de quatro...

Veja mais