Procuradoria estuda criar cadastro positivo para programa de dívidas

Leia em 4min 10s

A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) quer dar um freio na movimentação de devedores contumazes que vira e mexe desistem de um programa de parcelamento de débitos tributários para entrar no próximo.

 

A instituição também pretende conceder premiações aos bons pagadores, a exemplo de facilidades para aceitar garantias menos caras, como imóveis, em vez de fiança bancária.

 

É o que pretende a proposta de criação do Cadastro Positivo Fiscal. Trata-se de mecanismo que está em fase final de análise para avaliar o comportamento dos contribuintes que devem à União e que já se inscreveram em 40 programas de Refis (parcelamento de débitos tributários) criados desde 2000, com uma série de vantagens aprovadas, graças ao amplo apoio do Congresso Nacional.

 

Com o Cadastro Positivo, após análise de risco, a PGFN terá permissão para aplicar “tratamento diferenciado aos bons pagadores ou endurecimento da cobrança”, segundo o procurador Everaldo Souza Passos Filho, coordenador geral substituto da Dívida Ativa da União (DAU).

 

Segundo a PGFN, historicamente, após a adesão a cada um dos programas de Refis, cerca de 50% dos optantes tornam-se inadimplentes. “A certeza do próximo programa e a consequente possibilidade de rolar a dívida é mais atrativa do que qualquer redução oferecida”, aponta estudo da PGFN.

 

O Cadastro Positivo Fiscal contemplaria débitos inscritos na Dau , que compreendem tributos federais como o Imposto de Renda, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o PIS e a Cofins. Na Dívida Ativa também são inscritos débitos do Simples Nacional.

 

Na segunda-feira (17), a Receita Federal informou que notifica 716.948 micro e pequenas empresas inscritas no regime simplificado de pagamento de tributos com dívidas de R$ 19,5 bilhões. Se não regularizarem a situação, serão excluídas do Simples Nacional a partir de janeiro de 2019.

 

De acordo com o doutor em direito Rogério Mollica, do Instituto de Direito Público (IDP) de São Paulo, o Cadastro incentivará os bons pagadores. "A iniciativa será boa para o bom contribuinte, que hoje é interpretado como mau pagador, porque é nivelado ao lado daqueles que não pagam seus débitos em dia", explicou.

 

"A partir dessa proposta, os bons pagadores conseguirão manter benefícios, participar de outros refinanciamentos, se for o caso. E os pagadores que não pagam, acumulam dívidas para outros Refis, serão separados e poderão perder o acesso às vantagens", completou.

 

Após ser submetida à fase de consulta pública, concluída também na segunda-feira, a Procuradoria avalia se é possível implementar o Cadastro administrativamente, por meio de uma portaria do órgão com base nas leis vigentes. Estuda propor um projeto de lei ao Congresso Nacional.

 

Alvo

 

Um dos alvos preferenciais do novo cadastro são, principalmente, os chamados 15.622 grandes devedores, que respondem por R$ 1,36 trilhão dos mais de R$ 2,1 trilhões inscritos na Dívida Ativa da União. Nesse segmento, concentra-se o foco da chamada bancada do Refis no Congresso para um novo projeto de parcelamento de débitos tributários após as eleições.

 

Há, entre os grandes devedores, empresas quebradas, a exemplo da falida companhia aérea Varig, que deve R$ 4 bilhões e ostenta o primeiro lugar. Envolvida em denúncia contra o presidente Michel Temer, a JBS é a maior devedora da Previdência entre as empresas ativas, com R$ 2,4 bilhões.

 

Na avaliação do coordenador da PGFN, a nova alternativa contribuirá para a melhoria do ambiente produtivo nacional e para a justiça fiscal no País. “Os benefícios que eles terão estão sendo discutidos.”

 

Segundo o coordenador, “o Cadastro Positivo Fiscal pretende levar em conta o histórico de adimplemento do devedor em parcelamentos, a fim de diferenciar o tratamento conferido ao devedor contumaz em relação ao conferido ao devedor de boa-fé”.

 

Atualmente, conforme a PGFN, não há na legislação em vigor nada que impeça um devedor reincidente ingressar no Refis seguinte. Daí a necessidade de se impor limites.

 

Classificação

 

Uma das preocupações manifestadas à Procuradoria é com os critérios para os contribuintes serem enquadrados nas categorias de risco. A proposta é que contribuintes classificados com pequeno grau de risco e com histórico positivo tenham tratamento diferenciado, minimizando seus custos e incentivando a auto-regularização.

 

Já os contribuintes classificados como de risco elevado, caracterizados como devedores contumazes, passariam a sofrer procedimentos mais rigorosos e proporcionais ao risco de inadimplência.

 

A PGFN classificou as empresas em categorias de A a D segundo o risco de inadimplência. O contribuinte que oferece menor risco foi enquadrado na faixa A, e os devedores contumazes, na D. Além das posições extremas, contribuintes com graus intermediários ficaram em B ou C.

 

Fonte: DCI

 


Veja também

Dia da Criança será do presente mais barato

Com a previsão de crescer 3% nas vendas para o Dia da Criança este ano – uma alta de apenas 0,3 pont...

Veja mais
Lojas começaram setembro em baixa

São Paulo - O movimento no varejo paulistano teve um crescimento de 0,6% nos primeiros 15 dias deste mês em...

Veja mais
Guardia reforça necessidade de reformas e defende abertura do mercado brasileiro

São Paulo - O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, reforçou nesta quarta-feira a necessidade de o Brasil ...

Veja mais
Sem força nas vendas, varejistas vão frear postos temporários para o Natal

Com a perspectiva de crescimento nas vendas revisada para baixo e um cenário eleitoral ainda nebuloso, os varejis...

Veja mais
Calendário de agosto ajuda e comércio apresenta alta de 4,7%

O varejo brasileiro apresentou crescimento de 4,7% em agosto na comparação com o mesmo período de 2...

Veja mais
IPC-Fipe desacelera alta a 0,30% na 2ª quadrissemana de setembro

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de São Paulo desacelerou a alta a 0,30 por cento na segunda ...

Veja mais
IGP-M tem alta de 1,34% na 2ª prévia de setembro, pressionado por preços no atacado, diz FGV

A alta dos preços dos produtos agropecuários e industriais no atacado acelerou e o Índice Geral de ...

Veja mais
Desemprego gera onda de empreendedorismo por (falta de) opção

Mesmo com a economia crescendo em ritmo lento, o total de empreendimentos criados no primeiro semestre deste ano foi de ...

Veja mais
92% dos supermercadistas acham que juro ainda está alto

À espera da retomada efetiva do varejo e refém da confiança do consumidor, cerca de 92% dos superme...

Veja mais