Presentes baratos e pagos à vista são a opção do consumidor neste Natal

Leia em 3min 40s

Com o país saindo a passos lentos da crise econômica, o tom do consumidor neste Natal foi de cautela. Após um ano de grandes incertezas na economia e na política, o brasileiro está mais otimista para 2019, mas isso não se refletiu no consumo. Segundo comerciantes e especialistas em varejo, o mote deste Natal foi comprar presentes baratos e, de preferência, pagos à vista.

 

E este é um comportamento que deve se repetir em 2019. A melhora nas expectativas só deve se refletir em gastos maiores quando houver uma melhora mais consistente no mercado de trabalho. Com o número de desempregados no país ainda acima de 12 milhões e muitos brasileiros trabalhando na informalidade, falta confiança para comprar. Nem mesmo a inflação baixa deu alívio no orçamento, já que o endividamento ainda é alto.

 

A Saara, tradicional comércio popular carioca, foi a opção de muitos consumidores antes da chuva que caiu nesta véspera de Natal. A professora particular Thaís Barreto, de 24 anos, só pôde comprar presentes para a filha e para o afilhado nesta segunda-feira, já que só recebeu os pagamentos pelas aulas no fim da semana.

 

A promotora de vendas Irinea Mello esperou o 13º salário cair na conta para comprar lembrancinhas de até R$10 para filho, nora e neto.

 

— Aqui é meu shopping — comentou.

 

Por volta da hora do almoço, quando a chuva começou a cair, o movimento que já não havia  sido tão grande minguou. Segundo a gerente da Aidan Festas da Saara, Maria Rodrigues, o dia de maior movimento foi sexta-feira. Mesmo assim, as vendas caíram cerca de 20% em relação ao ano passado. A precaução do consumidor foi notada nas pesquisas da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

 

— O consumidor está mais cauteloso pela incerteza com o futuro do emprego e optando por usar o 13° salário para quitar dívidas, para não entrar em 2019 endividado — afirma Fabio Bentes, chefe da Divisão Econômica da CNC.

 

Este será o segundo Natal com crescimento de vendas consecutivo, estima a CNC, após quedas em 2015 e 2016. O avanço, porém, deve ser de 3,1%, abaixo dos 3,9% de 2017, alcançando faturamento de R$ 34,6 bilhões.

 

Natal da lembrancinha

 

A inflação média do país ficou abaixo de 4%, mas a alta do dólar e das tarifas administradas, como energia elétrica e combustíveis, fez a cesta de bens e serviços típicos do período natalino subir 4,5%, a maior expansão desde 2016. No ano passado, esta cesta teve recuo de 0,5% às vésperas do Natal, segundo estimativa da CNC.

 

— Os consumidores enxergam uma melhora na economia, frente a 2017. Estão mais otimistas, mas, na prática, isso ainda representa muito pouco. As pessoas querem presentear, mas falta folga no orçamento para isso. E, quanto menor a renda, mais gente planejando gastar menos no Natal — destaca Rodolpho Tobler, coordenador da Sondagem do Comércio do Ibre/FGV.

 

A sondagem da FGV mostra que, este ano, a intenção de compra do brasileiro subiu levemente sobre 2017, mas continua abaixo de 2014, ano em que teve início a recessão. Os mais pessimistas são os consumidores de menor poder aquisitivo. Na faixa dos que têm renda mensal de até R$ 2.100, 61,1% pretendem gastar menos, diz a pesquisa da FGV.

 

O Natal do “amigo oculto” ou da lembrancinha está desenhado ao considerar o preço médio do presente, que recuou 9,7% neste Natal, para R$ 94,40. Esse valor caiu em três das faixas de renda pesquisadas, com exceção da mais alta (acima de R$ 9.600).

 

Nos shoppings, a saída foi fazer sorteios para atrair clientes. Tanto o Plaza Shopping Niterói como o NorteShopping sortearam iPhones. No Botafogo Praia Shopping, o movimento foi maior ontem: o número de carros passando pelo estacionamento aumentou 8% em relação à semana passada. Outro indicador de alta foi a promoção que vai sortear uma viagem para Orlando, que registrou alta de 24% na participação ante a de 2017. (* estagiária, sob supervisão de Luciana Rodrigues )

 

Fonte: O Globo/RJ

 

 


Veja também

Alta do dólar aperta varejo e reduz em 48% os importados

A recente alta do dólar reduziu em 48% a importação de produtos típicos para o períod...

Veja mais
ABC: Compras de última hora movimentam comércio

O ditado popular prega que ‘o brasileiro deixa tudo para a última hora’. No Grande ABC, a movimenta&c...

Veja mais
IPC-S tem alta de 0,10% na 3ª quadrissemana de dezembro, diz FGV

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) registrou alta de 0,10 por cento na terceira quadrisseman...

Veja mais
Trabalho: Otimismo na economia eleva as oportunidades

São Paulo - A professora de gestão de pessoas da Fundação Getulio Vargas (FGV) Anna Cherubin...

Veja mais
Maioria das famílias vive no limite do orçamento doméstico

Dados apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Prote&cce...

Veja mais
Confiança bate maior nível em 5 anos

Os comerciantes estão mais confiantes no desempenho da economia em 2019. A expectativa positiva, a melhor para o ...

Veja mais
Projeção do PIB de São Paulo é de crescimento

O Produto Interno Bruto (PIB) do Estado de São Paulo, calculado pela Fundação Seade, no acumulado d...

Veja mais
Indústria e serviços puxarão o PIB em 2019

A aceleração do crescimento da indústria e dos serviços é o que deve impulsionar a ex...

Veja mais
ABC: Cesta básica fecha 2018 com inflação de 1,5%

O custo anual da cesta básica cresceu 1,52% em relação a 2017, de R$ 576,51 para R$585,31. Foi o qu...

Veja mais