Alta do dólar aperta varejo e reduz em 48% os importados

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A recente alta do dólar reduziu em 48% a importação de produtos típicos para o período de festas, mostra a pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC). O câmbio desfavorável, a cautela do consumidor e a crescente importância da Black Friday para as vendas do varejo tiraram dos eletrodomésticos o protagonismo do Natal.

 

Isso reforçou a tendência de pagamento à vista, já que os bens de consumo duráveis, como geladeiras, máquinas de lavar ou aparelhos de TV, de preço médio mais alto, costumam ser comprados a prazo. No e-commerce, 70% das compras de eletrodomésticos são parcelados, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).

 

— Os dois segmentos que terão mais vendas este ano serão os de hiper e supermercados e o de vestuário, além de itens de uso pessoal ou doméstico. Vestuário é extremamente democrático em termos de preço. Juntos, os três vão equivaler a 78% das vendas de Natal — conta Fabio Bentes, da CNC.

 

Também no comércio eletrônico os artigos de vestuário ganharam destaque, afirma Mauricio Salvador, da ABComm. A categoria tem tíquete médio de R$ 180, bem abaixo da média geral de R$ 296 estimada para as compras on-line neste Natal:

 

— Vemos a queda no tíquete médio, sob influência de ter parte da população endividada. Os marketplaces (as seções dos sites de grandes varejistas em que são oferecidos produtos de outras empresas), que estão aumentando a participação no e-commerce e já representam 30% das vendas do setor, têm preço médio mais baixo.

 

Efeito Black Friday

 

Salvador diz ainda que há o efeito da Black Friday, que já abocanha 30% das vendas para o Natal.

 

O câmbio também pesou para os varejistas. Dono de duas redes de bijuterias, com lojas em Copacabana, Centro e Tijuca, Andrei Maierhoffer já fez as contas e terá de elevar os preços de sua marca popular, que hoje vende produtos a partir de R$ 5, no ano que vem.

 

— Cerca de 80% da minha mercadoria são importados, e o dólar aumentou demais no último trimestre. Não quis mudar minha estratégia de preço em dezembro porque seria um tiro no pé, mas vou ter que repassar o custo na virada do ano, de tudo a R$ 5 para uma faixa de R$ 5 a R$ 7. Está insustentável — diz.

 

Segundo Maierhoffer, suas lojas da marca mais popular tiveram queda de vendas de 10% neste Natal. A única com bom desempenho foi a loja com produtos mais caros, a partir de R$ 20, onde as vendas subiram 3%.

 

Além do dólar, pesou nos seus custos o preço do aluguel. Para driblar os gastos, reduziu o espaço de uma das lojas à metade. Mas a medida não surtiu o efeito esperado:

 

— Fiquei com menos visibilidade, mas esperava que as vendas caíssem no máximo 55% nesta unidade. No balanço anual, a queda foi de mais de 60% — lamentou o empresário.

 

Fonte: O Globo/RJ

 

 

 

 


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