Investidor pessoa física bate recorde, e Bolsa quer atrair ainda mais

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O investidor brasileiro voltou a apostar na Bolsa em 2018, e o número de pessoas físicas que compram ações bateu recorde. Foram mais de 193 mil novos investidores, elevando o total para 813.291, uma alta de 31,2%. Juros em patamares historicamente baixos e perspectiva de retomada do crescimento são os fatores que levaram esse público à renda variável. Em 2019, a expectativa é que esse número continue crescendo, dessa vez turbinado pela retomada das ofertas de ações que devem ocorrer no decorrer do ano.

 

A B3 prefere não traçar projeções para esse crescimento, mas a visão é otimista. A inflação controlada leva à certeza de manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano, o que torna menos atraentes as aplicações em renda fixa.

 

Além disso, passada a incerteza das eleições, a expectativa é de retomada das ofertas de ações, incluindo as iniciais (os chamados IPOs, na sigla em inglês), que costumam atrair novos investidores.

 

— Estamos intensificando as nossas ações com bancos e corretoras, que têm um efeito multiplicador. E esperamos entre 20 e 30 ofertas de ações. No ano passado foram apenas cinco. Esse é um fator para crescimento — explica Felipe Paiva, diretor de relações com clientes da B3.

 

O último ano de grande salto no número de investidores foi em 2007, quando o Brasil passou por um boom de IPOs.

 

Necessidade de mais risco

 

Paiva acredita que parte das pessoas que aplicam em opções mais conservadoras pode migrar, em busca de rendimentos maiores. A caderneta de poupança acumula quase R$ 800 bilhões em depósitos. Já o total de ações detidas por pessoas físicas estava em torno de R$ 200 bilhões no fim de dezembro.

 

— Se cada investidor experimentasse o mercado de ações, usando um pouco desse dinheiro, veríamos um salto no total de investidores — diz Paiva.

 

É entre os jovens que mais tem crescido a participação no mercado de renda variável. As duas faixas etárias mais significativas vão dos 26 aos 35 anos e dos 36 aos 45 anos — embora, em geral, o volume investido seja menor do que entre o público de mais idade.

 

Para Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, o desempenho da Bolsa no ano passado também contribuiu para atrair novos investidores. O Ibovespa, principal índice de ações do mercado local, terminou o ano com ganhos de 15% e, neste ano, até 11 de janeiro, já acumulava ganho de 6,57%.

 

— Além da dinâmica do mercado, as instituições financeiras também fizeram um movimento importante, de investir mais nas plataformas de investimento, melhorando o acesso à pessoa física, com menos burocracia — afirma Pereira.

 

Boa parte das corretoras e bancos oferece acesso ao investimento em ações por meio de aplicativos, o que também é um atrativo para os investidores, em especial os jovens.

 

No entanto, Pereira lembra que ações são um investimento de maior risco. Uma frustração no andamento da reforma da Previdência ou uma piora no ambiente externo podem interromper a tendência de alta da Bolsa.

 

A XP Investimentos também projeta continuidade do crescimento no número de pessoas físicas — em 2018, a base de clientes da plataforma que investe em Bolsa aumentou cerca de 47%. Segundo a corretora, “em um cenário otimista, há a possibilidade de o Ibovespa chegar a 125 mil pontos em 2019.”

 

Pedro Galdi, analista da corretora Mirae, ressalta que sobraram poucas opções para quem busca uma rentabilidade mais elevada. Além dos juros baixos, o dólar deve ficar mais comportado. Ou seja, o que ocorreu no ano passado, quando os fundos cambiais foram a melhor aplicação, não deve se repetir.

 

— O investidor precisa começar a tomar mais risco. O dólar já subiu o que tinha que subir. Para ter ganho um pouco maior, vai ter que buscar ações — diz.

 

Fonte: Jornal O Globo - Rio de Janeiro

 


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