Cresce procura por investimentos de maior risco e rentabilidade

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Este ano, o brasileiro está disposto a poupar. De acordo com pesquisa feita pelo CNDL/SPC Brasil, 51% dos entrevistados indicam que a prioridade financeira para 2019 é juntar dinheiro. E engana-se quem pensa que as principais opções para aplicar são da tradicional renda fixa, como Tesouro Direto e CDB: a renda variável, que inclui investimentos em ações, é cada vez mais procurada.

 

De acordo com levantamento do buscador de investimentos Yubb, feito a pedido do GLOBO, a maioria das pessoas procurou por fundos de investimentos nos 15 primeiros dias de 2019. A pesquisa levou em conta 3,4 milhões de pesquisas feitas no buscador nesse período. Em primeiro lugar ficou o fundo de ações, respondendo por 14,9% das pesquisas. Na sequência vêm os fundos multimercados (13,8%) e os imobiliários (12,3%).

 

O maior apetite para risco é reflexo da menor remuneração da renda fixa. Atualmente, a taxa básica de juros (Selic) está em 6,5% ao ano, o menor patamar histórico. Além disso, em 2018, a inflação medida pelo IPCA fechou em 3,75%, abaixo da meta estabelecida pelo Banco Central, de 4,5%, o que reforça a expectativa de que a Selic deve continuar baixa este ano.

 

— A procura por investimentos mais arrojados tem crescido — pontua Patricia Bittencourt, sócia da Guelt Investimentos. — Os juros na mínima histórica e o otimismo com a situação econômica fazem os investidores buscarem maior rentabilidade. Assim, eles começam a procurar cada vez mais a renda variável.

 

Especialistas, no entanto, ressaltam que, na busca por um retorno melhor, é preciso ter em mente que a renda variável envolve alguns riscos, como a exposição à volatilidade do mercado.

 

— Para quem tem planos de aplicar em renda variável, o pensamento deve ser a longo prazo. Quando falamos em investimentos ligados à Bolsa, por exemplo, o ideal é ter no mínimo cinco anos para utilizar o dinheiro aplicado — explica Patricia. — Durante o período de investimento, pode haver algum revés no mercado que atrapalhe os ganhos. Então é preciso esperar uma nova alta.

 

Embora a procura por risco e rentabilidade tenha aumentado, os especialistas ponderam que o investidor não precisa abandonar a renda fixa e depositar todos os recursos em renda variável.

 

— A renda fixa continua sendo interessante e rentável. Existem aplicações mais conservadoras que remuneram até 120% do CDI — relembra Bernardo Pascowitch, fundador do Yubb. — A ideia é sempre pensar em diversificação, mas é importante estar atento ao perfil de risco.

 

É preciso analisar prazo

 

Outro ponto a ser levado em consideração é o apetite para risco do investidor. Saber se a pessoa é mais ou menos disposta a lidar com oscilações do mercado financeiro é importante para escolher o melhor investimento.

 

— Não é porque a procura por renda variável tenha aumentado que ela se torna ideal para todos — sustenta Pascowitch. — O apetite para risco e o prazo que o investidor tem para deixar o dinheiro rendendo são importantes para fazer a melhor escolha.

 

Até mesmo para os investidores mais dispostos a ter ativos de risco, a indicação é manter parte da carteira em renda fixa.

 

— Normalmente, os investidores com mais apetite para risco têm 40% das aplicações em renda variável. O restante fica na renda fixa — explica Sandra Blanco, consultora de investimentos da Órama.

 

É comum pensar que, para investir em renda variável, é preciso ter uma grande quantia de dinheiro. Mas os especialistas asseguram que a realidade é outra.

 

— Existe a ideia de que, para investir em fundos de ações ou multimercados, é preciso ter muito dinheiro. Mas, dependendo do fundo, é possível encontrar opções com investimento inicial de R$ 1 mil, ou até menos — ressalta Pascowitch. — Até mesmo a renda fixa é vista como aplicação para pessoas com muito dinheiro, sendo que é possível fazer aplicações a partir de R$ 30.

 

Na primeira colocação das buscas neste ano, os fundos de ações investem, no mínimo, 67% de seu patrimônio em ações. São propensos à volatilidade do mercado, mas, dependendo dos papéis que fazem parte da carteira e da filosofia do gestor, a aplicação pode ser menos ou mais volátil. Outro ponto a ser considerado, pontua Sandra, é a taxa de administração cobrada:

 

— Nessas aplicações, geralmente, a taxa de administração é de 2% ao ano. Além disso, também há a taxa de performance, caso os índices de referência sejam superados.

 

Atenção ao desempenho

 

No caso dos fundos multimercados, não há uma exigência de percentual mínimo para algum produto. Dessa forma, é importante ficar atento ao histórico do plano e saber qual foi seu desempenho em momentos de turbulência.

 

— Como a variedade de estratégias é muito grande, o investidor deve estar atento à atuação do gestor e pesquisar a rentabilidade do investimento em momentos de agitação financeira, como os anos de recessão econômica no Brasil — recomenda Sandra.

 

Os fundos imobiliários, como o próprio nome indica, investem em imóveis, sejam comerciais ou residenciais, e papéis de dívida imobiliária.

 

Fechando o ranking das cinco aplicações mais buscadas na primeira quinzena deste ano estão os Recibos de Depósito Bancário (RDBs) e os Certificados de Depósito Bancário (CDBs), que são investimentos de renda fixa. A principal diferença entre eles é que, enquanto o dinheiro aplicado nos CDBs pode ser retirado com facilidade, no caso dos RDBs existe um período no qual os recursos precisam permanecer investidos. E, se precisar antecipar o saque, o investidor pode perder dinheiro.

 

Fonte: O Globo - Rio de Janeiro

 

 

 


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