Setor de alimentos espera retomada das exportações após queda em 2018

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A indústria alimentícia projeta recuperação das exportações e manutenção do avanço do consumo interno em um cenário de retomada econômica. A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) prevê alta de 4% do faturamento para 2019.

 

“As exportações caíram 9,8% em 2018. Isso ocorreu muito em função da queda do preço do açúcar e pelo fato da Rússia ter suspendido as importações de carne até novembro”, declarou o presidente-executivo da Abia, João Dornellas, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (13), em São Paulo.

 

O dirigente explica que houve excedente de açúcar no mercado global em 2018, o que derrubou o valor da commodity. “O Brasil, como exportador, sofreu com isso”. Em relação à carne, o governo russo impôs um embargo às variedades bovina e suína do Brasil no final de 2017, alegando a presença de um aditivo proibido naquele país. “A Rússia era o quinto maior importador do setor e, no ano passado, não apareceu nem entre os 15 primeiros”, destaca Dornellas.

 

Para 2019, o setor prevê crescimento de 10% dos embarques. “Com a Rússia retomando as exportações, isso traz um impacto importante para carne e derivados”, afirma o presidente do conselho diretor da Abia, Wilson Mello.

 

Em 2018, os principais compradores da indústria brasileira de alimentos foram China, Holanda, Hong Kong, Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos. Mello salientou que a entidade não tem uma opinião específica sobre a discussão da troca da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém e possíveis retaliações comerciais de países do Oriente Médio. “Não discutimos dentro da indústria essa questão, é uma decisão de Estado.”

 

Ele destacou que as vendas para o mercado do Oriente Médio são muito importantes, mas apresentaram uma queda de 25% em 2018. “Isso se deve a fatores comerciais. É uma região que sempre busca melhores oportunidades de negócio, é muito volátil.” Mello acredita que a posição do Brasil como grande exportador de alimentos deve ser sempre levada em consideração nas relações exteriores. “O setor representa boa parte da balança comercial, deve ser sempre ouvido.”

 

Consumo interno

Para o consumo interno, é esperado avanço de 3% a 4% das vendas reais. Em 2018, o desempenho foi 4,3% superior ao ano anterior. “Poderíamos ter crescido ainda mais. A greve dos caminhoneiros teve um impacto grande nas vendas”, aponta Dornellas.

 

Os segmentos com alta do faturamento mais expressivo foram óleo e gorduras (13,5%), conservas de vegetais/frutas e sucos (12,8%), bebidas (5,8%) e proteína animal (5,6%).

 

O economista da Pezco, Yan Cattani, assinala que o setor de alimentos foi um dos responsáveis por puxar o desempenho do consumo no País. “No campo da indústria, foi um dos poucos a apresentar elevação mais expressiva.”

 

Ele acredita que as perspectivas são positivas para o consumo em 2019. “Poderemos ver uma disseminação dessa melhora para outros setores, que tiveram resultados ruins ou ainda estão se recuperando. A indústria alimentícia tende a competir com esses outros segmentos, o que é benéfico, faz toda a cadeia crescer.” A projeção positiva está baseada no recuo da inadimplência e da taxa de juros.

 

De acordo com a Abia, a produção física da indústria de alimentos deverá ter incremento de 2,5% a 3% em 2019. “Isso significa que vamos crescer em vendas e volumes, o que ocorrerá através da ocupação da ociosidade”, afirma Mello. “Mesmo na crise, o setor nunca deixou de investir no parque fabril. Não no aumento de capacidade, mas na modernização dos processos.” A expectativa é de que a geração de empregos do setor cresça de 2% a 3% no ano.

 

Fonte: DCI


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