BC piora projeção de expansão do PIB em 2019 a 2,0%

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O Banco Central piorou sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2019 a 2,0 por cento, contra 2,4 por cento antes, citando a fraqueza observada na atividade no fim do ano passado, consequências da tragédia de Brumadinho (MG) e menor perspectiva para a safra agrícola neste ano.

 

Em seu Relatório Trimestral de Inflação, publicado nesta quinta-feira, o BC apontou que o ritmo mais fraco de recuperação econômica também teve um papel nas suas reestimativas, mas menor na comparação com os demais fatores.

 

“Essa revisão está associada à redução de carregamento estatístico de 2018 para 2019, resultante do crescimento no quarto trimestre de 2018 em magnitude menor do que esperada; aos desdobramentos da tragédia em Brumadinho sobre a produção da indústria extrativa mineral; às reduções em prognósticos para a safra agrícola; e, residualmente, à moderação no ritmo de recuperação”, disse o BC.

 

Na prática, o BC alinhou sua estimativa à leitura do mercado, numa postura um pouco mais pessimista que a do Ministério da Economia, que previu uma expansão de 2,2 por cento do PIB neste ano em seu último relatório bimestral de receitas e despesas.

 

Na pesquisa Focus mais recente, a expectativa dos economistas é de um avanço de 2,0 por cento do PIB em 2019.

 

DETALHAMENTO

 

Nas contas do BC, a produção agropecuária deve crescer 1 por cento neste ano, metade do que via no relatório de dezembro, citando como destaque a menor produção esperada para soja, item com o maior peso da agricultura, devido à estiagem ocorrida em importantes regiões produtoras.

 

O BC também reduziu para 1,8 por cento a alta esperada para a indústria em 2019, sobre 2,8 por cento anteriormente, por recuo nas expectativas de crescimento para a indústria de transformação e extrativa.

 

Somente para a indústria extrativa, a projeção do BC caiu de uma expansão de 7,6 por cento para 3,2 por cento, por menor produção esperada após o rompimento da barragem de mineração da Vale em Brumadinho (MG). O acidente, ocorrido em janeiro, matou centenas de pessoas e paralisou minas no Estado.

 

Na véspera, inclusive, a Vale divulgou que realizou baixa contábil de 480 milhões de reais pela mina de Córrego do Feijão, relacionada à estrutura que colapsou em Brumadinho, e também por ativos ligados a barragens com método de construção a montante, com impacto nos resultados a partir do primeiro trimestre de 2019.

 

Embora considere ainda difícil avaliar os passivos potenciais com o desastre, a empresa anunciou que prevê provisões bilionárias, incluindo uma de até 2 bilhões de reais por pagamentos emergenciais aos atingidos.

 

Para o setor de serviços, o BC agora vê um crescimento de 2 por cento, sobre 2,1 por cento anteriormente, refletindo “impactos em atividades que apresentam significativa correlação com o comportamento da indústria de transformação”.

 

“Com relação aos componentes domésticos da demanda agregada, houve recuo na projeção para o consumo das famílias, de 2,5 por cento para 2,2 por cento, em linha com o relativo arrefecimento no ritmo de recuperação do mercado de trabalho no final de 2018 e início deste ano”, destacou o BC.

 

“A estimativa para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) apresentou ligeiro declínio (de 4,4 por cento para 4,3 por cento), enquanto a projeção para o consumo do governo permaneceu inalterada em 0,6 por cento”, completou.

 

POLÍTICA MONETÁRIA

 

O relatório não trouxe novidades em relação à política do BC para os juros básicos, tendo sido publicado apenas dois dias depois da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

 

Desde a semana passada, quando manteve os juros na mínima histórica de 6,5 por cento ao ano, o BC já havia indicado que, diante da retomada econômica abaixo da esperada, o balanço de riscos para a inflação passou a ter pesos iguais tanto para cima quanto para baixo.

 

A decisão, a primeira com Roberto Campos Neto no comando da autoridade monetária, tirou o impedimento explícito que o BC vinha apontando para possivelmente diminuir os juros à frente. Mas o Copom indicou que seguirá atento ao desenrolar da atividade econômica antes de qualquer mudança de rota, numa avaliação que será feita com cautela e que lhe tomará tempo.

 

“O Comitê julga importante observar o comportamento da economia brasileira ao longo do tempo, com menor grau de incerteza e livre dos efeitos dos diversos choques a que foi submetida no ano passado. O Copom considera que esta avaliação demanda tempo e não deverá ser concluída a curto prazo”, repetiu o BC nesta quinta-feira.

 

No documento, o BC também reiterou que seguirá mantendo “cautela, serenidade e perseverança nas decisões de política monetária”.

 

Fonte: Reuters

 

 


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