Desemprego: comércio foi o setor que mais fechou vagas em março

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O desemprego cresceu no país no mês de março. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), houve retração de 0,11% nas contratações com carteira assinada em relação a fevereiro — mês que apresentou saldo positivo de 173.139 vagas. O que significa que foram fechados no Brasil, no terceiro mês do ano, 43.196 postos de trabalho, resultado de 1.304.373 demissões e 1.261.177 contratações. Essa é a primeira queda no emprego em três meses e o pior março desde 2017, época em que 63.624 pessoas foram dispensadas do trabalho formal.

 

Os setores que mais desempregaram foram comércio, com saldo negativo de 28.803 vagas; agropecuária (-9.545); construção civil (-7.781); indústria de transformação (-3.080) e serviços industriais de utilidade pública (-662). Segundo o secretário de Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcolmo, o resultado negativo de março tem relação direta com o que aconteceu em fevereiro, que teve saldo positivo acima das expectativas, porque os empresários adiaram as dispensas.

 

A princípio, Dalcolmo explicou que o grande número de dispensas não tinha relação com a confiança dos empresários e disse que eles “estavam confiantes e a demanda estava aquecida”. Mas, em seguida, admitiu a fraqueza da economia e afirmou que a aprovação da reforma da Previdência pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara dos Deputados, pode favorecer a melhora das expectativas e a retomada dos investimentos e contratações. “O país está aguardando as decisões sobre a nova Previdência. Enquanto isso, os investimentos estão represados”, destacou.

 

Em março, os principais estados brasileiros demitiram mais do que contrataram. São Paulo fechou 8.007 vagas, e Rio de Janeiro, 6.986. Na região Sudeste, foram encerrados 10.673 postos; na Norte, 5.341;  na Sul, 1.748. No Centro-Oeste, ocorreu o fechamento de 1.796. Na modalidade de trabalho intermitente, foram gerados 6.041 empregos, um aumento de 88% em relação a março de 2018. No regime de tempo parcial, o saldo positivo foi de 2.129 postos.

 

Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, o resultado de março surpreendeu. A expectativa do mercado era de criação de, pelo menos, 40 mil postos. “É um alerta para o governo. Mostra que é preciso acelerar o passo. Não dá para ficar brigando com o Legislativo”, destacou. Na análise do economista, o governo terá de provar que tem condições de fazer um ajuste severo nas contas, que vêm se deteriorando e afastando investidores. “Esse ano vai fechar no azul, embora abaixo do esperado. Com o resultado de março, a previsão para 2019, de abertura de 1,250 milhão de novos postos, caiu para 900 mil”, disse.

 

Siuara Carla dos Santos Carvalho, 29 anos, está há um ano sem emprego. “Trabalhava em uma loja como estoquista. Teve cortes, e eu fui uma das dispensadas”, contou. Desde então, manda currículos, participa de grupos nas redes sociais e faz bicos vendendo doces de chocolate. Com carteira assinada, recebia mensalmente R$ 1,5 mil. Com o bico, não ganha mais que o salário mínimo. “Sou formada em biomedicina. Estou estudando para concurso público”, destacou.

 

Marcos Paulo Soares, 24, há seis meses à procura de oportunidade, acaba de encontrar uma vaga na área de publicidade e propaganda. “Passei pelo processo seletivo e, agora, vou entregar os documentos. Estou muito feliz”, contou. Mas teve que se contentar com remuneração mensal inferior. Antes, em uma empresa pública do Governo do Distrito Federal (GDF), seu salário era de R$ 4 mil. No novo, receberá em torno de R$ 3 mil.

 

Fonte: Correio Braziliense - Brasília/DF

 


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