Produtividade cai 1% no 1º trimestre, pior resultado desde 2016, aponta FGV

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A produtividade do trabalho caiu 1,1% no primeiro trimestre deste ano em relação a 2018, levando ao pior resultado desde o primeiro trimestre de 2016, quando a queda foi de 2,2%. O estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) analisa a taxa de crescimento da produtividade por hora trabalhada.

 

A pesquisa destaca que dados do PIB do primeiro trimestre divulgados pelo IBGE tiveram efeito negativo sobre o crescimento da produtividade do trabalho e apontam para uma lenta recuperação do nível de atividade econômica. Em relação ao primeiro trimestre de 2018, o PIB cresceu 0,5%. Já ante o quarto trimestre de 2018, houve queda de 0,2%.

 

Segundo a FGV, a piora na taxa de crescimento da produtividade por hora trabalhada foi disseminada entre os três grandes setores da economia.

 

A agropecuária teve queda no crescimento em relação ao 4º trimestre de 2018 - saiu de 2,8% para 0,4%.

No caso da indústria, a queda de 1,2% da produtividade interrompeu uma sequência de 12 trimestres consecutivos de alta.

 

Segundo a FGV, a produtividade da indústria já havia dado sinais de que estava perdendo fôlego desde o início de 2018, já que a taxa de crescimento havia diminuído de 2% no primeiro trimestre de 2018 para 0,9% no quarto trimestre.

 

No setor de serviços, houve uma intensificação na piora da produtividade. Após uma queda de 0,8% no quarto trimestre de 2018, a produtividade por hora trabalhada apresentou redução de 1,2% no primeiro trimestre de 2019 em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

 

O Ibre/FGV aponta que, analisando seu desempenho desde 2014, com o resultado do primeiro trimestre, o setor de serviços acumula o 20º trimestre consecutivo de queda da produtividade por hora trabalhada.

 

Informalidade e subutilização

Uma das explicações para a queda, principalmente no setor de serviços, pode estar no aumento de trabalhadores informais no país. Segundo pesquisa do IBGE, dos quase 2 milhões de pessoas que entraram na população ocupada no último ano, 48% foram da categoria trabalhador por conta própria. Ou seja, a ocupação segue crescendo por conta da informalidade.

 

Além disso, a população subutilizada atingiu 28,4 milhões, número recorde da série histórica iniciada do IBGE em 2012. No grupo de trabalhadores subutilizados estão, por exemplo, os subocupados ou aqueles fazendo bicos com menos de 40 horas semanais trabalhadas, ou seja, trabalhando menos horas do que gostaria ou em empregos que não são de sua área de formação.

 

Acumulado de 4 trimestres

No acumulado dos 4 trimestres, a queda da produtividade foi de 0,3% no primeiro trimestre, maior que a registrada no quarto trimestre de 2018 (-0,1%).

 

Na indústria, a taxa de crescimento da produtividade recuou de 1,4% no quarto trimestre de 2018 para 0,6% no primeiro trimestre de 2019. No setor de serviços a queda se intensificou de 0,7% para 0,8%. Já na agropecuária foi observada uma pequena melhora na taxa de crescimento da produtividade, subindo de 1% para 1,5%.

 

Os pesquisadores apontam que o setor de serviços tem sido o responsável pela queda da produtividade no período, já que concentra cerca de 70% das horas trabalhadas.

 

Enquanto a agropecuária e a indústria tiveram taxas positivas de crescimento desde o terceiro trimestre de 2016 (indústria) e primeiro trimestre de 2017 (agropecuária), o setor de serviços apresenta taxas negativas de crescimento desde o terceiro trimestre de 2014.

 

Cenário econômico precisa melhorar

Os economistas da FGV que assinam a pesquisa, Fernando Veloso, Silvia Matos e Paulo Peruchetti, afirmam que, com a perda de fôlego da recuperação da economia e as sucessivas revisões para baixo no crescimento do PIB, caso não haja uma melhora no cenário econômico, haverá uma intensificação na piora da produtividade por hora trabalhada nos próximos trimestres.

 

Fonte: G1


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