Mercado só gera emprego que paga até dois salários mínimos, mostra Ipea

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Praticamente todas as novas vagas com carteira de trabalho assinada geradas no país em 2019 possuem uma remuneração máxima de até dois salários mínimos. Os dados são da Carta de Conjuntura divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta quarta-feira.

 

Segundo o documento, apenas as duas primeiras faixas salariais (de até um e de até dois salários) têm saldos positivos, ou seja, o número de contratações supera o de demissões no primeiro semestre do ano. Para os demais níveis salariais, mais altos, a dispensa de trabalhadores é maior que o total de admissões.

 

O levantamento, feito com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) da Secretaria de Trabalho do governo federal, indica que, a partir do segundo semestre de 2018, a geração de novos postos de trabalho com carteira assinada voltou a apresentar maior dinamismo.

 

No acumulado em doze meses até julho deste ano, a economia brasileira havia criado 521,5 mil novos empregos formais. Junto a esse bom resultado, as estatísticas também mostram uma leve recuperação dos salários médios de contratação, embora estes, historicamente, mantenham-se abaixo dos salários de quem tem sido demitido.

 

Os dados do Caged analisados pelo Ipea também mostram que a maior parte dos trabalhadores demitidos é aquela com menos tempo de permanência no emprego. Na média, nos últimos doze meses até julho, enquanto na indústria, no comércio e nos serviços quase a metade dos demitidos estava trabalhando há menos de um ano, na construção civil esse percentual avança para 62%.

 

Em contrapartida, a menor parcela dos trabalhadores dispensados é formada por profissionais com mais de cinco anos de permanência no emprego. Se na indústria de transformação essa parcela corresponde a 14%, na construção civil não chega a 5%.

Informalidade faz desigualdade avançar

 

O Ipea também fez uma análise mais aprofundada dos dados da pesquisa Pnad Contínua do IBGE, que contempla indicadores do mercado de trabalho formal e informal. O nível de ocupação voltou ao período pré-crise, mas com mais desigualdade e informalidade.

 

O número de pessoas ocupadas, seja com carteira ou na informalidade, no trimestre encerrado em julho deste ano foi de 93,6 milhões, o maior da série histórica iniciada em 2012. O pico antes da crise ocorreu em dezembro de 2014, quando havia 92,4 milhões de ocupados.

 

O levantamento mostra que, embora o desemprego tenha caído e a massa salarial aumentado, o avanço da informalidade fez crescer a desigualdade de renda no país nos últimos anos.

 

De acordo com o estudo, o índice de Gini da renda domiciliar do trabalho subiu de 0,514 no 4º trimestre de 2014 para 0,532 no 2º trimestre de 2019. Já para a renda individual do trabalho, o indicador saltou de 0,495 para 0,508 no mesmo período.

 

O Índice de Gini é um indicador que monitora a desigualdade de renda em uma escala de 0 a 1 –quanto mais próximo de 1, maior é a desigualdade.

 

Por outro lado, a queda do desemprego via ocupações sem carteira de trabalho assinada tem sustentado a recuperação da massa de rendimentos neste ano, como é chamada a soma de todos os salários recebidos pelos trabalhadores do país.

 

No segundo trimestre, a massa de rendimentos somou R$ 208,435 bilhões, crescimento de 2,4% na comparação ao mesmo período do ano anterior. Nos cálculos do Ipea, o resultado foi puxado pela alta de 4,6% da massa salarial dos trabalhadores sem carteira assinada e de 3,7% para os trabalhadores por conta própria.

 

Fonte: O Globo


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