Economia de R-22: melhor para a loja, melhor para o meio ambiente

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Uma boa alternativa para os supermercadistas que querem economizar com o R-22 (cujo preço aumenta a cada dia) é incentivar a inscrição dos mecânicos de manutenção das suas lojas nos cursos de Capacitação em Boas Práticas de Refrigeração Comercial, que são gratuitos

 

*Por Susana Ferraz


Atualmente, a agência alemã GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit GmbH) implementa os projetos previstos no Acordo Setorial assinado entre o Ministério do Meio Ambiente e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que têm como foco apoiar o varejo no uso eficiente do fluido frigorífico HCFC-22, com redução dos vazamentos na atmosfera. O Acordo MMA-Abras prevê ações como a capacitação de 4.800 técnicos de manutenção no Brasil, por meio de cursos de Boas Práticas de Refrigeração Comercial. Esses cursos já estão sendo realizados em cidades como Manaus, Porto Alegre, Belo Horizonte e Goiânia, por escolas técnicas como o Senai e similares.

 

"A participação dos técnicos de manutenção nesses cursos, que são gratuitos, é fundamental para melhorar a estanqueidade dos sistemas e evitar vazamentos do HCFC-22 na atmosfera. Com isso, a loja ganha em economia e segurança e o meio ambiente também, já que esses gases, quando liberados na atmosfera, agridem a camada de ozônio do planeta e contribuem para o aquecimento global", afirma Stefanie Von Heinemann, responsável pela coordenação desses cursos pela agência
alemã GIZ.

 

Os cursos, com turmas de cerca de 15 alunos cada, têm como objetivo conscientizar sobre o manuseio correto e a redução do consumo do HCFC- 22, aplicando e divulgando boas práticas de refrigeração, o que levará a instalações frigoríficas eficientes (sem vazamentos) nas lojas, com o consequente aumento da taxa de recolhimento, reciclagem e reutilização desses fluidos frigoríficos.

 

Bons alunos

 

Em Salvador, por exemplo, os cursos ocorreram praticamente em todas as semanas de julho a dezembro do ano passado, em turmas noturnas e aos sábados, e cerca de 250 alunos já se formaram no Instituto Federal da Bahia (IFBA). Agora em 2015 os trabalhos continuam.

 

"É muito boa a receptividade dos técnicos aos cursos. Todos os profissionais participantes já trabalham na área, mas consideram a oportunidade de requalificação excelente, pois os cursos trazem conhecimento da realidade atual", afirma o professor Antônio Gabriel Souza Almeida, coordenador do Núcleo de Refrigeração, Controle e Automação, do IFBA.

 

Além do aspecto ambiental, os técnicos valorizam muito o conhecimento sobre boas práticas com redução de vazamentos do R-22, pela diminuição de custos proporcionada às empresas na prática (atualmente este fluido frigorífico tem preço cada dia mais elevado no mercado).

 

"Este aspecto nos ajuda a atrair ainda mais alunos. Já temos demanda de profissionais para a grade de cursos de 2015, em Salvador, e também expandiremos os cursos para diversas cidades do interior da Bahia, como Feira de Santana, Vitória da Conquista, Porto Seguro, Camaçari, Eunápolis, entre outras", explica o professor Almeida. Em Belo Horizonte, a receptividade aos cursos também tem sido muito boa e três turmas já foram formadas, segundo o supervisor técnico do Senai-MG, Rogério de Melo Maciel. "Muito interesse é demonstrado por todos os técnicos que fazem os cursos, que trazem informações fundamentais para se evitar vazamentos do R-22."

 

 
Um ponto destacado por Maciel é que o curso do Senai-MG está sendo muito indicado pelas empresas e técnicos que já participaram do mesmo. "Estamos recebendo muitas indicações de quem já fez o curso, gostou, e indicou para outros profissionais da mesma empresa ou de outras que ainda não tinham conhecimento.

 

Quanto mais divulgarmos os cursos, que são gratuitos, mais profissionais terão acesso a todo esse conhecimento", explica. Hoje, a preocupação com a formação dos técnicos deve ser redobrada pelas empresas supermercadistas, porque as boas práticas de manutenção evitam a reposição do R-22 no sistema, sendo que este fluido frigorífico tem seu preço aumentado no mercado a cada dia.

 

Em Manaus, segundo o coordenador dos cursos pelo Senai-AM, Rildo Mota, duas turmas foram formadas em 2014 e o calendário de 2015 já está pronto e começa a ser implementado neste início de ano, incluindo, além da capital, mais três cidades: Itacoatiara, Pareti e Manacapuru. "A procura por esses cursos, focados na refrigeração comercial, em supermercados, é boa. Mas já percebemos uma grande demanda também para cursos focados na área de ar condicionado, que será a próxima fase do projeto", diz.

 

Sucesso

 

Em Goiânia (GO) já foram mais de 200 alunos formados nesses cursos em 2014 e há mais cerca de 160 vagas programadas para o primeiro semestre deste ano. "Realmente a recepção aos cursos é muito boa. Além dos cursos em Goiânia, formamos turmas em Rio Verde, Catalão, Minaçu e Uruaçu. Tivemos muito apoio das associações do comércio, especialmente no interior do estado, o que está sendo fundamental para o sucesso dos mesmos", explica Wilson Pereira dos Anjos, responsável pela coordenação dos cursos pelo Senai-GO.

 

Já em Porto Alegre, o trabalho conjunto do Senac e do Senai e mais a parceria com a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) está ativando a realização dos cursos. Segundo Marta Maria Brackmann, técnica responsável pelos cursos no Senac, 62 alunos já foram capacitados no ano passado e estão previstas mais 800 capacitações este ano, com 50 turmas programadas, o que será possível graças à parceria com a Agas. "Como os cursos são especialmente focados em refrigeração comercial, ou seja, em supermercados, a parceria com a Agas para realizar esses cursos, firmada em dezembro passado, é fundamental", afirma.

 

A coordenadora de capacitação da Agas, Angelita Garcia, explica que a entidade irá ampliar ainda mais a divulgação dos cursos de boas práticas para o setor. Além disso, a primeira aula dos cursos será ministrada na sua própria sede, para acolher os alunos e integrálos ao tema. As aulas seguintes serão realizadas nas dependências do próprio Senai, que conta com toda a tecnologia e equipamentos para tanto.

 

Trabalhos continuam

 

O acordo setorial de cooperação técnica assinado pelo Ministério do Meio Ambiente e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em 2013, prevê além da capacitação de 4.800 técnicos/mecânicos refrigeristas em todo o Brasil, cinco projetos demonstrativos em supermercados de diferentes regiões do País, para angariar conhecimento e testar soluções visando a melhor estanqueidade dos sistemas existentes. Também está prevista a implantação de um sistema de controle e documentação, que ficará disponível em breve para que todo o varejo possa controlar o consumo dos gases refrigerados em suas lojas.

 

Clique aqui e veja a matéria na íntegra.

 

 

*Por Susana Ferraz, assessora de Comunicação da Abras, responsável pelo PORTAL ABRAS, e diretora da Sete Estrelas Comunicação. Jornalista que acompanha os trabalhos do GT-HCFC desde 2008, quando a ABRAS assinou o primeiro acordo setorial com o Ministério do Meio Ambiente, para incentivar as boas práticas de refrigeração no setor.

 


Fonte: SuperHiper, edição de Janeiro de 2015

 


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