Artigos reciclados já se tornam negócio rentável

Leia em 3min 40s

                                       No vestuário, metade dos fios dos produtos vem de garrafas PET



São Paulo - Aos poucos o conceito de sustentabilidade ganhou maior importância entre as empresas. Mas agora ele também começa a se tornar uma opção rentável, como acontece na rede de franquias Ama Terra, que já comercializa cerca de 400 artigos feitos de matéria-prima reaproveitada ou reciclada.

O sucesso é tamanho que o produto já está sendo exportado, como afirma o fundador da empresa Laurence Quinhones. A marca já tem um distribuidor e revendedor nos Estados Unidos e garante que a aceitação tem sido excelente. "Temos perspectiva de lançar uma loja na cidade de Denver, no Colorado, em 2016", diz ele.

No caso das camisetas e outras peças de moda e de decoração, a produção conta com 50% de fios produzidos a partir de garrafas plásticas de Politereftalato de etileno, mais conhecido como PET. Os preços vão desde R$ 6,00 em um kit de canetas até R$ 490 de uma bolsa de viagem em lona de caminhão reciclada

O empresário garante que comercializa apenas itens que visam satisfazer as necessidades de consumo das pessoas e trazem benefícios ao meio ambiente, ou ao menos um impacto menor na produção. "Trabalhamos com cerca de 100 fornecedores. Um exemplo é a Cooperativa Oficina das Ervas, de Nova Friburgo (RJ), que produz artigos de decoração feitos de material reaproveitado", afirmou.

Para ele, a percepção do impacto econômico e social na cadeia produtiva fica mais clara no caso dos produtos elaborados por meio de matéria-prima reaproveitada ou reciclada. Um exemplo é o das camisetas de malha PET, dos artigos de papelaria, das bolsas e acessórios de lona de caminhão e dos produtos artesanais do Comércio Justo e Solidário. Além das etapas convencionais de produção, o processo envolve a coleta e seleção do que seria jogado no lixo, assim entram os catadores e as cooperativas de reciclagem, gerando renda para essas pessoas.

Conforme Quinhones, a proposta ecológica precisa obter receita. Mas a ideia real é a de promover o conceito de que o lucro é de toda a cadeia produtiva. O empresário contou que a marca trabalha exclusivamente com itens produzidos no mercado nacional, que em resumo são artesanatos feitos por comunidades de baixa renda. "Trata-se de um trabalho de cunho social. Estimo que beneficiamos mais de 300 pessoas de diversos estados do País com as vendas de todos os nossos produtos", ressaltou.

Esfera econômica


Para o empresário, a questão de sustentabilidade não faz mais parte exclusiva das esferas ecológica e social, mas também da econômica. "Vivemos em um mundo de recursos finitos e cada vez mais caros, logo consumir de forma adequada têm sido sinônimo de eficiência", afirmou.

Os clientes são 65% mulheres, na faixa de 25 a 55 anos, das classes A e B. São pessoas que geralmente estão em busca de produtos com qualidade e preço justo, mas que comprovadamente agridam menos ou até ajudem o meio ambiente. "Elas querem ser diferentes e fazer parte desse processo, vendo o conceito por trás do produto", destacou.

Quinhones acredita que hoje em dia atuar com a sustentabilidade no negócio seja algo ainda visto como um diferencial, mas daqui a algum tempo isso será condição básica de sobrevivência. "O consumidor não irá respeitar e nem comprar de empresas que pensem diferente, porque os referenciais dele mudaram."

Formatos de operações

Com apoio do Sebrae há quatro anos, a meta da Ama Terra é ser referência nacional na comercialização de itens com menor impacto socioambiental. Desta maneira, a empresa hoje atua com três formatos de franquias. Uma delas é o de multiplicadores, com investimento de R$ 1 mil a R$ 10 mil, a depender da região e do potencial do franqueado em formar equipes de venda. Hoje são cerca de 20 franqueados desse formato, mas a meta é que até o final de 2016 sejam 50 franqueados.

Ano passado, a empresa lançou franquia de lojas físicas e quiosques. Para shoppings, os quiosques demandam aportes entre R$ 115 mil e R$ 130 mil (de 4 m² a 6 m²). As lojas físicas temáticas demandam cerca de R$ 200 mil, no caso de espaços de 25 m². Hoje existe uma unidade própria em Nova Friburgo (RJ), além de duas franquias em Salvador (BA) e Porto Alegre (RS). A meta é contar com mais oito franquias até o fim de 2016, nesses perfis.



Veículo: Jornal DCI


Veja também

Supermercados de Minas descartam 450 mil quilos de alimentos todos os meses

Quantidade de hortifrutigranjeiros que é jogada fora daria para fazer a merenda de 60 mil alunos da rede pú...

Veja mais
Estabelecimentos do país não podem destinar alimentos para pessoas carentes devido a lei rígida

                    ...

Veja mais
O caminho do e-lixo

Valor de venda dos componentes e falta de fiscalização fazem com que o comércio ilegal cresç...

Veja mais
Estado firma parceria com setor de panificação para investimento em energia solar

                    ...

Veja mais
Maioria prefere levar sacolas próprias ao mercado

O EcoD perguntou aos internautas, nas últimas semanas, se os supermercados estão corretos ao cobrar pelas ...

Veja mais
ACATS lança Programa de Eficiência Energética para supermercados de Santa Catarina

   Dando continuidade ao processo de implantação do Programa de Eficiênci...

Veja mais
TJ-SP libera lei que obriga comércio a ter urna para descarte de embalagem

Municípios têm competência legislativa para legislar sobre temas de Direito Ambiental de interesse lo...

Veja mais
Pesquisa torna pequenas indústrias mais 'verdes'

                    ...

Veja mais
Sacolões municipais de São Paulo dão sacolinha fora do padrão

Dois dos três sacolões municipais da região central de São Paulo continuam distribuindo sacol...

Veja mais