Amazon amplia operações no país e recorre a frete grátis para ganhar mercado

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Num movimento que deve aumentar a disputa no comércio eletrônico no Brasil, a Amazon decidiu expandir suas operações no país. A filial brasileira da maior varejista do mundo passará a oferecer em seu site a venda direta de 19 categorias de produtos, entre celulares, brinquedos, eletrodomésticos e cosméticos, entre outros. A empesa estreou no Brasil em 2012, com a comercialização de livros. Desde 2017, passou a oferecer outros itens, mas por meio de parceiros que usavam o site como portal de vendas, principalmente de celulares e eletrônicos. Agora, ela terá no Brasil um modelo de atuação mais próximo ao que adota nos EUA.

 

A chegada de vez da Amazon no Brasil ocorre num momento em que grandes varejistas brasileiras, como Via Varejo e Máquina de Vendas, enfrentam prejuízos. A ofensiva para ganhar mercado no Brasil incluirá a oferta de frete grátis para todo o país em compras acima de R$ 149. Além disso, promete fazer entregas em até dois dias em Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba. A empresa inaugura hoje um centro de distribuição de 47 mil metros quadrados (equivalente a sete campos de futebol) em Cajamar, na Grande São Paulo.

 

- É um marco histórico da empresa no Brasil - resumiu Alex Szapiro, gerente de Operação da Amazon no país.

 

Para Luciano Ramos, analista da consultoria global de tecnologia IDC, a estratégia da empresa é ousada, mas pode não ser duradoura. Ramos avalia que a oferta de frete grátis no país foi a saída encontrada pelas empresas, nos anos 2000, para acostumar o consumidor às compras on-line. Mas a experiência durou pouco. O custo logístico e a concorrência acirrada achataram as margens das lojas virtuais, que vêm abandonando o benefício.

 

- O frete grátis deve ser uma estratégia de chegada da Amazon. Não creio que seja permanente. Isso é caro por aqui - disse Ramos.

 

Mercado concentrado

 

Resta saber como as varejistas locais vão reagir. As vendas on-line cresceram mesmo com a crise dos últimos anos, mas a competição acirrada derrubou as margens e afetou a vida das grandes empresas no país. O Grupo Pão de Açúcar tenta sair há dois anos da Via Varejo (dona de Casas Bahia e Ponto Frio), que registrou prejuízo de R$ 79 milhões no terceiro trimestre de 2018. A Máquina de Vendas, dona da Ricardo Eletro, pediu recuperação extrajudicial no segundo semestre do ano passado com dívidas de R$ 3 bilhões. A exceção é o Magazine Luiza, que teve forte valorização na Bolsa. Os papéis da empresa valiam R$ 1 em 2015. Hoje, estão na faixa dos R$ 160.

 

O Brasil é o décimo maior mercado do comércio eletrônico, segundo a consultoria global Shopify. Seis em cada dez vendas on-line no país são feitas numa das dez maiores varejistas, diz a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo. Na conta da concentração estão o alto custo logístico e as complexas regras do sistema tributário brasileiro. Tal concentração só se compara à dos EUA, onde 49% das vendas on-line são da Amazon, diz a consultoria eMarketer.

 

Num mercado tão concentrado como o comércio eletrônico brasileiro, há quem avalie que a Amazon demorou a entrar, de fato, no país — e que chegou tarde. Mas, para uma empresa avaliada em US$ 800 bilhões, a aposta é que o timing pode não fazer tanta diferença.

 

Fonte: O Globo - Rio de Janeiro

 

 

 


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