Crise afeta vendas no Mercado Central

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Natal e Ano Novo não devem impactar negócios no centro de compras, que prevê estagnação no mês

 



A administração do Mercado Central de Belo Horizonte prevê estagnação nas vendas de dezembro em relação ao mesmo período de 2015, quando registrou avanço de 10% sobre 2014 - sempre na mesma base de comparação. Além disso, a expectativa é de que não haja alteração no fluxo de clientes no último mês do ano, repetindo o alcançado em 2015: 1,4 milhão de pessoas. Esse cenário desanimador também foi apontado por boa parte dos lojistas, que culpam a crise como a grande motivadora do arrefecimento do apetite do consumidor.

 

Segundo o presidente do Mercado Central de Belo Horizonte, José Agostinho Oliveira Quadros, conhecido como "Nem do Mercado", comerciante, a expectativa para os negócios pré-Natal e Ano Novo, se comparada com os demais meses do ano, chega a ser estranha. "Entre janeiro e setembro, registramos recorde de vendas. Já em outubro e novembro, houve queda de 30% nos negócios. A tendência é de que este mês as lojas registrem aquecimento, mas não o esperado como o de 2015 que foi um ano muito bom", avaliou.

 

Caminhando pelos corredores do mercado percebe-se grande fluxo de pessoas. Mas, algumas delas, como o economista Paulo José Firmino de Souza, falam sobre a condição atual do consumidor. "Frequento o mercado há 40 anos. Sempre fiz compras para as festas de fim de ano aqui. Procuro por produtos específicos para a ceia de Natal, mas o orçamento está curto e os produtos muito caros. Imagino que a movimentação de pessoas se dá em virtude de pesquisas de preços."

 

Os comerciantes também estão desanimados. Antônio Sérgio Tavares, dono da Império dos Cocos, em funcionamento desde 1962 e que oferece mais de 800 itens entre castanhas de diversos tipos, queijos, salames e frutas, comentou que, no fim de novembro de anos anteriores, já começava a receber clientes fiéis e consumidores de outros estados e países da América do Sul, Estados Unidos e Japão. "Creio que a partir do dia 14, o movimento aumentará um pouco. Mas de acordo com nosso planejamento, o crescimento de vendas será igual ao de 2015: 10%. Mesmo com a gama de produtos oferecidos, os clientes têm optado pelas castanhas portuguesas e figos turcos, produtos que só são comercializados nesta época do ano", explicou, revelando ainda que resolveu apostar em congelados e massas para salgados para tentar atrair os consumidores.

 

Quem vê Geraldo Henrique, com 90 anos de idade e, há 62 trabalhando no mercado, acredita que os negócios na loja dele vão de ‘vento em popa'. Sorridente e brincalhão se diverte ao comentar sobre os negócios da Empório Ananda. Entre os itens disponíveis e mais procurados estão bacalhau, azeites, azeitonas, tâmaras e outros tradicionais ingredientes para ceias. O comerciante diz que costuma atender, diariamente, cerca de 400 clientes. A esperança dele era que nessa época, o movimento dobrasse.

 

"Comparando novembro de 2015 a novembro de 2014, faturamos 10% a mais. Mas pelo que percebo, este ano as vendas estão muito devagar. Como o brasileiro deixa tudo para a última hora, ainda acredito ver a loja lotada e as prateleiras praticamente vazias. Inauguração - A novidade do mercado este ano foi a recente inauguração da Dünn Cervejaria. A empresa, que tem como um dos donos o ex-presidente do mercado, Macoud Patrocínio, oferece centenas de rótulos de cervejas artesanais, incluindo marca própria, além de insumos para produção da bebida e maquinários.

 

De acordo com José Nilson de Faria, sócio-proprietário da Dünn Cervejaria, a expectativa da empresa, contrariando os outros comerciantes, é a melhor possível. "Investimos no segmento porque a Capital ainda é carente no setor. E com a possibilidade de negócio no Mercado Central, tradicional ponto turístico e referência em compras, estamos ainda mais empolgados. Antes mesmo da abertura, recebemos pessoas querendo saber mais informações sobre a Dünn. Acreditamos em boas vendas nesse período porque, além dos produtos disponíveis, o cliente pode montar kits para presentes com cinco tipos de embalagens, que custam a partir de R$ 18,50, com opção de entregas em domicílio", revelou.

 

Para 2017, o presidente do Mercado Central afirma que existe um projeto tramitando na prefeitura para uma expansão do mercado. Segundo ele, mesmo com a mudança do governo municipal, o andamento do projeto deve ser acelerado ano que vem. "Ainda não temos um posicionamento da prefeitura. Mas torcemos para que possamos dar início aos trabalhos, que são de longo prazo, já no ano que vem. A ideia é a criação de um espaço gourmet e aumentar a capacidade do estacionamento para 800 vagas", disse.

 

 

Fonte: Diário do Comércio de Minas

 


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