Barras e bombons ocupam espaço dos ovos de Páscoa nos supermercados

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São Paulo - Na Páscoa deste ano os tradicionais ovos de chocolate serão substituídos por bombons, barras e outros 'kits'. Redes de supermercados, como o Mundial e a Coop, reduziram drasticamente a compra dos produtos com a indústria e esperam compensar a queda com o aumento de outras categorias ligadas a festividade.

 

No Mundial, por exemplo, a encomenda de ovos de chocolate foi 30% inferior, em relação ao volume comprado em 2016. De acordo com o gerente comercial da rede (que possui 18 unidades no Rio de Janeiro), Sérgio Leite, a redução partiu da própria indústria, que produziu uma quantidade menor. "As fabricantes ofereceram um volume reduzido de ovos de Páscoa e apostaram em barras, bombons e em 'kits' com um preço mais em conta", diz.

 

A ideia é que o aumento das vendas de barras e bombons, cuja encomenda do Mundial foi cerca de 50% superior este ano, compense a retração das vendas dos ovos. "Temos que crescer proporcionalmente mais porque o tíquete médio desses produtos é inferior", explica. De acordo com Leite, a principal aposta do Mundial para a data, em se tratando de chocolate, são os 'kits', que oferecem uma mistura de bombons e barras. "Foi algo que não tivemos no ano passado, e que estamos apostando bastante em 2017. Temos um 'kit', por exemplo, que está saindo a menos de R$ 15."

 

Na rede paulista Cooperativa de Consumo (Coop) a redução na oferta de ovos de Páscoa também foi considerável este ano. Segundo a gerente comercial da companhia, Marta Borges, a expectativa é que haja uma diminuição de 20% no volume de ovos de chocolate vendidos no período da Páscoa, na comparação interanual. A queda fica ainda pior considerando que no ano passado a rede já viu uma retração de 30% nas vendas do produto, em relação a 2015. "Foi uma retração bem significativa, mas na época a indústria ainda estava apostando nos ovos de chocolate. Devido a queda de 2016, vieram mais pé no chão este ano e algumas fabricantes produziram até 30% a menos em comparação ao que tinham vendido ano passado."

 

Assim como o Mundial, a rede também espera compensar a redução das vendas de ovos de Páscoa com o incremento na comercialização de barras e bombons. A expectativa da Coop, no entanto, é que a categoria apresente aumento de 10% no volume de itens vendidos (percentual insuficiente para compensar a retração das vendas dos ovos de chocolate).

 

De acordo com Marta, outra categoria que deve puxar para cima o resultado das vendas da Páscoa é a de pescados. Até o momento, a executiva afirma que já houve um incremento de cerca de 20% no volume comercializado de bacalhau, por exemplo. O Mundial também possui perspectivas positivas para a categoria, e espera um avanço próximo de 25%.

 

O cenário descrito pelas duas redes parece ser uma constante no setor. Um levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), sinaliza para uma retração de 9,8% nas encomendas de ovos de Páscoa este ano, frente a 2016. Em contrapartida, as barras de chocolate viram um avanço de 4% no período (veja mais no gráfico).

 

Demanda do consumidor

A redução da oferta de ovos de chocolate vai de encontro com uma demanda do próprio consumidor, de acordo com o economista da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Rodrigo Mariano. "As famílias não deixam de presentear com a crise, mas mudam a composição do presente. O ovo de Páscoa, que tem um custo muito maior, acaba perdendo apelo, e itens com um valor inferior ocupam esse espaço", afirma.

 

A gerente comercial da Coop, Marta Borges, também afirma que a substituição dos produtos é uma saída interessante para o momento de crise. "O cliente está muito sensível aos preços e não está disposto a gastar um valor alto com um ovo de Páscoa", afirma. A visão fez com que a rede, além de diminuir a oferta da categoria de produtos, investisse em ovos com um custo menor. A executiva conta que os ovos encomendados este ano, voltados para o público adulto, estão com preço 5% inferior ao praticado em 2016.

 

Mesmo com a diminuição significativa no estoque da categoria este ano, a Coop espera que alguns dos produtos tenham que ser devolvidos para a indústria. De acordo com Marta, a previsão é que até 10% do total seja retornado aos fabricantes. O percentual está bem abaixo do visto no ano passado, quando 25% de todos os ovos comprados foram devolvidos à indústria.

 

Já a Mundial aposta que terá praticamente nenhuma devolução este ano, por conta da redução de 30% na encomenda. "Ano passado, de tudo que compramos devolvemos cerca de 5%, mas tivemos concorrentes aqui no Rio que devolveram mais de 20%. Este ano, estamos trabalhando com devolução zero. Queremos vender tudo que comprámos".

 

Apesar da queda expressiva prevista para a categoria de ovos de chocolate, as duas redes esperam um aumento nas vendas relacionadas a festividade, considerando todos os produtos da cesta de Páscoa (peixes, vinhos, azeites, chocolates, etc). A Coop, por exemplo, espera crescer em 7% as vendas, frente ao ano passado. O Mundial também prevê alta para as vendas do período.

 

 

Fonte: DCI - São Paulo

 


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