Roupas e supermercados reagem, mas varejo deve crescer só 0,14% em junho

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A perspectiva de avanço nas vendas do varejo restrito para o mês de junho é de 0,14% em relação ao mês anterior. Entre os segmentos contemplados pelo setor, os supermercados, vestuário e calçados devem apresentar desempenho mais robusto diante de uma economia ainda morna e o câmbio em patamares elevados.

 

O dado faz parte de um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercadorias de Consumo (Ibevar), e obtidos com exclusividade pelo DCI. Para traçar as projeções de venda, a entidade estabeleceu como referência o ano de 2011, que corresponde ao percentual de 100%. Dessa forma, as estimativas são feitas em cima desse número.

"Apesar dos efeitos da alta do dólar não entrarem necessariamente em toda a gama de segmentos do varejo, o câmbio pode atrapalhar o desempenho para os próximos meses", afirmou o diretor do Ibevar, Nuno Fouto.

 

Para ele, os impactos da alta da moeda americana devem ser verificados em níveis maiores de inflação até o final de 2018 e, consequentemente, promovendo uma "erosão" no poder de compra do consumidor brasileiro. Além disso, outro fator apontado por Fouto como "vilão" é o forte aquecimento da economia norte-americana, o qual pode resultar em maiores oscilações do câmbio, refletindo em preços maiores para produtos como eletrodomésticos e eletrônicos. Ele cita o fato "positivo" de que "as pessoas estão cortando mais viagens ao exterior" e por isso seus gastos tendem a serem canalizados para o mercado interno.

 

O diretor lembra também que as contratações realizadas para os períodos sazonais do segundo semestre devem auxiliar na retomada do crescimento de renda do brasileiro. Além disso, embora indique uma tendência de melhora desde o ano passado, Fouto menciona que a recuperação no varejo brasileiro tem como uma um histórico difícil nos últimos anos.

Questionado a respeito dos segmentos que enfrentarão maior dificuldade para se recuperar, Fouto apontou os eletrodomésticos e eletroeletrônicos em virtude do alto valor destes produtos. "Devemos sentir também os impactos relacionados a paralisação dos caminhoneiros, que devem aparecer nos próximos resultados do setor do varejo", acrescentou.

 

Na pesquisa, os segmentos que apresentaram alta na passagem do mês de maio a junho foram os hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com evolução de 0,13%. No que diz respeito ao incremento mensal estimado para os meses de julho e agosto é de 0,13%. Em relação ao acumulado dos últimos 12 meses, o crescimento nessa categoria do varejo foi de 3,37%.

Já no segmento de artigos farmacêuticos, as oscilações entre o mês de maio e junho foi de 0,45%. Esse mesmo percentual também está previsto como projeção de evolução das vendas para julho e agosto. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve alta de 5,58%, segundo o levantamento da entidade.


A força do atacarejo

Esse cenário de gradual retomada vai em linha com uma pesquisa realizada pela empresa de pesquisa de mercado Kantar Worldpanel. Segundo o estudo feito pela companhia, o crescimento no segmento de atacarejo nos três primeiros meses de 2018 foi de 11% ante igual período do ano anterior.

O levantamento aponta também que o consumo das famílias fora de casa aumentou cerca de 3% em volume na mesma base de comparação.

 

Em paralelo a isso, as buscas dos consumidores por produtos mais baratos se refletiu no aumento da presença dos atacarejos no cotidiano do brasileiro. Na comparação entre o primeiro trimestre de 2018 e o mesmo período do ano anterior, 1,4 milhão de famílias começaram a comprar nesse modelo de cash and carry.

Entre as regiões que puxaram o desempenho do setor, está o Sul do Brasil - com alta de 6% nos últimos 12 meses encerrados em março. Em contrapartida, o Nordeste e Norte tiveram alta de 3,2% na mesma base de comparação. Por fim, a pesquisa destaca uma diminuição de 3% nas compras no longo prazo entre março de 2018 ante um ano antes.

 

Fonte: DCI São Paulo

 


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