Nível fraco de atividade será difícil de ser revertido nos próximos 4 meses

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São Paulo - Indicadores que mensuram as condições econômicas atuais e que antecipam ciclos recuaram em maio, refletindo as incertezas políticas do mês e apontando que o nível fraco da atividade do País será mais difícil de ser revertido nos próximos quatro meses.

 

O Indicador Coincidente Composto da Economia (ICCE), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) e que mensura as condições econômicas atuais do Brasil, caiu 0,4% em maio em relação ao mês de abril, para 98,0 pontos. No entanto, a instituição informou que as variações semestrais do ICCE permaneceram no terreno positivo pelo quarto mês consecutivo da série.

 

Para o pesquisador do Ibre-FGV Paulo Picchetti, o recuo do ICCE refletiu o ritmo lento de retomada da atividade do País que se verifica nos indicadores econômicos, como os de produção industrial e os dos serviços.

 

"O ICCE mostra que estamos tendo alguma recuperação, mas que esta é volátil, com valores positivos e negativos se alternando", afirma o pesquisador do Ibre.

 

No entanto, a queda de 0,3% do Indicador Antecedente Composto da Economia (IACE), para 107,2 pontos em maio, aponta que a probabilidade desta retomada reverter a "atual fase do ciclo econômico no curto prazo", diminuiu, na avaliação de Picchetti. Em abril, este indicador havia caído 0,5% ante março. Picchetti explica que o IACE tem o objetivo de antecipar os pontos de reversão do ciclo econômico do País, em uma média de quatro meses.

 

"Este antecedente já está captando, principalmente pelas variáveis de expectativas, a deterioração do quadro que se seguiu com a crise política desencadeada no mês de maio. Isso aparece em várias sondagens de expectativas, como as do comércio, da indústria e do consumidor e também, mais especificamente, e na curva de juros futura e no Ibovespa", comenta Picchetti.

 

Segundo trimestre

 

As perspectivas para o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), referentes ao segundo trimestre, também não são positivas. Para o professor de economia da Universidade de Brasília (UNB) Newton Marques, o ambiente político instável jogará contra um desempenho semelhante ao ocorrido no primeiro trimestre, período em que o resultado positivo do setor agropecuário (+13,4), na margem (ante o mês imediatamente anterior) possibilitou uma expansão de 1% do PIB.

 

Ele pontua que, mesmo que ocorra algum crescimento entre abril e junho, este será resultado mais de uma utilização da capacidade ociosa do que por um impulso vindo de investimentos, os quais, para ele, proporcionam um efeito multiplicador na economia.

 

Um levantamento feito pela KPMG mostrou que os presidentes de companhias brasileiras também estão receosos com a crise política, mesmo com quase a totalidade (96%) dos deles esperando um avanço do PIB nos próximos 12 meses. A mesma proporção (96%) está confiante no desempenho da empresa que preside, resultado bem acima do que o obtido na pesquisa do ano passado (68% e 56%, respectivamente).

 

Entretanto, no atual levantamento, um dos grandes temores das lideranças (66%) é que elas sejam obrigadas a repassar os custos da alta da inflação, possibilidade que não foi levada em conta em 2016.

 

Os dados constam na pesquisa "2017 Global CEO Outlook" que entrevistou 50 CEOs no Brasil e 1.261 no mundo, entre fevereiro e abril deste ano. O estudo deste ano apontou ainda que 58% dos entrevistados temem o aumento da inflação; 84%, a elevação da taxa de impostos; e 30%, o aumento da taxa de juros.

 

"A preocupação dos CEOs com a inflação não coincide com as análises do Banco Central, do Copom (Comitê de Política Monetária) e do próprio mercado financeiro, que projetam queda do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Então, o que se pode inferir da cautela dos executivos quanto à questão inflacionária é que persiste a preocupação relativa à estabilidade política do Brasil, cuja oscilação pode impactar itens como a desvalorização da moeda e taxa de câmbio", afirma o presidente da KPMG no Brasil, Pedro Melo.

 

"Mas, não podemos deixar de destacar o otimismo dos CEOs que vislumbram crescimento para os próximos meses. Isso pode ser creditado à confiança que os executivos têm nos modelos de negócios". Com relação às perspectivas para o Brasil nos próximos três anos, a maioria dos CEOs (96%) diz estar confiante. Quanto ao crescimento global este ano, 96% também confiam no avanço.

 

 

Fonte: DCI São Paulo

 

 


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