Segmento segue em queda e acompanha outros ramos da economia.
São Paulo - As vendas reais do setor atacadista e distribuidor recuaram 9,58% no primeiro semestre de 2015 na comparação com igual período do ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad).
No mês de junho foi registra queda de 5,03% ante o mesmo mês de 2014. A entidade avalia que já houve uma leve recuperação ante o desempenho do mês de maio, quando o faturamento real encolheu 13,58% na comparação anual. A divulgação do resultado foi realizada ontem (3) durante a abertura da 35ª Convenção Anual do Setor Atacadista e Distribuidor (Abad), que deve seguir até a próxima quinta-feira (6), em Fortaleza. A pesquisa ouviu 40 grandes companhias do segmento.
Em entrevista ao DCI, o presidente da entidade, José do Egito Frota Lopes Filho, declarou que a queda é grande, porém está em linha com os outros setores do comércio. Filho ressaltou ainda que a Pesquisa Mensal do Comércio, apurada pelo IBGE, mostra um "cenário devastador".
"Todos os setores estão sofrendo por consequência da crise econômica. No início do ano, esperávamos uma crescimento de até 2%. Agora, a perspectiva é encerrar com estabilidade, o que já será um feito diante das previsões de queda do PIB, que já chegam a quase 2%".
Segundo a Abad, a queda é reflexo do difícil cenário econômico que o País enfrenta.
Para encarar a queda na renda, a maior inflação em 12 anos e o desemprego que avança, as famílias estão retirando produtos da lista de compras, aproveitando promoções para estocar comida em casa e ir com menos frequência ao supermercado.
"Esse comportamento tem um impacto fortíssimo no nosso negócio", declara.
A assessora econômica da FecomercioSP, Fernanda Della Rosa concorda com Filho. "O segmento atacadista é o elo que une a indústria com o varejo. A redução da indústria é um reflexo da diminuição que o varejo está fazendo em seu estoque", avalia Fernanda.
Contramão
O Assaí Atacadista, operação pertencente ao Grupo Pão de Açúcar (GPA) segue na contramão do mercado e estima crescimento significativo em suas vendas. No segundo trimestre o braço de "atacarejo" da empresa teve crescimento de 26% e, segundo o presidente da rede, Belmiro Gomes, foi impulsionado pelas vendas ao consumidor. "Tivemos uma queda nas vendas ao setor de food service. Em contrapartida, um aumento nas vendas ao consumidor final", disse o executivo.
Anteriormente ao DCI, Gomes havia afirmado que o food service, ramo que atua principalmente à noite - pizzarias, lanchonetes, restaurante e afins - teve queda nas vendas na ordem de 20%.
Ainda segundo Gomes, neste ano a atacadista teve significa ampliação de sua área de venda. "Foram agregados 40 mil metros quadrados de área de vendas". Até o final do ano o Assaí Atacadista deve inaugurar outras seis lojas. Durante a divulgação dos resultados, o CFO do GPA, Christophe Hidalgo, disse que a expectativa é que o braço atacadista deva "ter resultado recorde no ano".
Veículo: Jornal DCI
Setor atacadista amarga uma retração de 9,5% no semestre
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