O mercado internacional de café teve um mês de julho negativo para os preços, em meio a muita volatilidade. A alta do dólar contra o real no Brasil e também contra outras moedas, a melhora no clima para a colheita no País e o compasso lento na demanda neste período de verão no Hemisfério Norte são os fatores principais para as baixas nas cotações nas bolsas de futuros.
A alta do dólar contra o real sugere ainda maior força para o Brasil exportar, vantagem competitiva. E o País terminou há pouco uma temporada de recorde nas exportações. Isso naturalmente traz uma pressão negativa na Bolsa de Nova York para o arábica e em Londres para o robusta.
Além disso, o dólar tem subido contra outras moedas, em meio a preocupações com a macroeconomia global, e isso torna mais caros os papéis nas bolsas, afastando compradores, fator bem negativo para as commodities de um modo geral.
De acordo com relatório semanal divulgado por Safras e Mercado, a colheita da safra nova de café no Brasil segue atrasada, há preocupações com o tamanho dos grãos e com a renda no beneficiamento, o que pode causar redução na produção final. Mas, o clima melhorou para os trabalhos e isso foi outro fator baixista nas bolsas na segunda metade do mês, especialmente. No lado da demanda, não há pressão de compra neste momento. O verão no Hemisfério Norte reduz o ímpeto do consumo em grandes compradores de café.
Porém, segundo Safras, há aspectos altistas e que preocupam o mercado. Além dessa safra brasileira poder ser ainda menor ao final das contas, o fenômeno El Ni¤o ameaça safras asiáticas, principalmente. Falou-se nos últimos dias de possíveis prejuízos com a falta de chuvas advindas do El Ni¤o no Vietnã e Indonésia. Isso limita perdas e caso continue a apreensão pode tornar o mercado altista, já que o quadro é de oferta justa contra a demanda no mundo e qualquer problema climático tende a causar ainda mais volatilidade e possíveis altas.
Balanço - No balanço mensal da bolsa de Nova York, o contrato setembro do arábica fechou quinta-feira passada a 124,90 centavos de dólar por libra-peso, com queda de 5,7% no mês, já que junho fechara com essa posição a 132,40 centavos. Em Londres, no mesmo comparativo, o robusta caiu 7,6%, com o contrato setembro recuando de US$ 1.784 para US$ 1.648 a tonelada.
No mercado físico brasileiro de café, o ritmo foi lento nos negócios em julho. O produtor não está satisfeito com as cotações e tenta reduzir a movimentação, enquanto o comprador também está reticente. Se lá fora, nas bolsas, a alta do dólar pressionou para baixo os preços futuros, no mercado físico brasileiro essa subida da moeda ajudou a segurar a queda nas cotações internas. Cada saca passa a valer mais reais com o avanço do dólar. Como julho foi de perdas nas bolsas, o dólar compensou.
Assim, no balanço mensal do mercado físico, o arábica bebida boa no Sul de Minas ficou estável, tendo a mesma cotação de R$ 455,00 a saca tanto em 30 de junho quanto em 30 de julho. O conilon tipo 7 em Vitória (ES) subiu inclusive no mesmo comparativo, passando de R$ 300,00 para R$ 308,00 a saca.
Agora em agosto o mercado estará atento ainda ao clima para a finalização da colheita e já para a abertura das floradas no Brasil com vistas à safra de 2016. Nova Yorque passará a olhar para essa safra futura mais atentamente. Ela tende a ser melhor, e isso pode pressionar as cotações. Porém, já se fala em aberturas precoces de floradas em função do clima úmido, e isso seria bem prejudicial à produção brasileira de 2016, fator nesse caso positivo para os preços.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG