Consumidores sentem no bolso o aumento do preço do pãozinho, produto que não pode faltar no café da manhã da maioria dos brasileiros. Pesquisa realizada pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) mostra que, neste ano, o quilo do pãozinho gira em torno de R$ 8,50, enquanto no início de 2014 valia, em média, R$ 7,50, ou seja, alta de 13%.
O levantamento da Craisa é feito junto a supermercados da região, que cobram menos do que as padarias, onde o quilo do pãozinho chega a R$ 14. Nas redes supermercadistas o item fica mais em conta, entre outros motivos, porque é um chamariz para outros produtos, segundo o coordenador do estudo da Craisa, Fábio Vezzá De Benedetto. Nas panificadoras, é a vedete.
O aumento no custo fez muita gente diminuir o consumo. “Subiu muito, com o dinheiro que eu compro cinco pães hoje, no ano passado eu comprava uns oito”, diz a dona de casa Milva Lopes Domenech, 69 anos, de São Caetano.
O assistente de projetos Vilson Laerte Dalgallo Filho, 22, de São Bernardo, há cerca de dois meses passou a tomar café da manhã na empresa onde trabalha, na Capital. “Antes, eu gastava cerca de R$ 20 por semana. Estava muito pesado.”
O publicitário Daniel Venancio, 27, também de São Bernardo, continua comendo em casa, mas mudou o tipo de produto consumido. “Eu gastava em torno de R$ 15 para comprar pão francês para mim e para minha mulher. Agora, com o mesmo valor, eu compro pão de fôrma e frios”, compara.
O pesquisador assinala que a valorização do dólar frente ao real contribui para a alta, já que o principal insumo para a produção do pão, a farinha de trigo, é em grande parte importada. Além disso, altas no custo da energia elétrica, desde janeiro na bandeira vermelha, e no preço de combustíveis também impactam no custo do produto.
A pesquisa na região acompanha o que é verificado no restante do País, onde se constata, mês a mês, altas no custo do pão. Em julho, subiu 0,39% em relação a junho em São Paulo e, em 12 meses, teve alta de 7,66%, aponta levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas).
De acordo com análise da entidade, chuvas na região Sul destruíram parte da lavoura de trigo, o que diminuiu a oferta nacional. Por outro lado, o trigo importado ficou mais caro, uma vez que o real está desvalorizado.
Por sua vez, o presidente do Sipan ABC (Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Grande ABC), Antonio Carlos Henriques, diz que há algum impacto, mas, como o consumo caiu, os empresários do ramo não têm condições de repassar todo o aumento de custos que os estabelecimentos de fato tiveram.
Veículo: Jornal Diário do Grande ABC - SP