Negócio saiu por R$ 62 milhões. A empresa ainda vai investir R$ 15 milhões para ampliar o parque produtivo
Em linha com o plano diversas vezes exposto por seu presidente, Luciano Quartiero, a Camil Alimentos finalmente anunciou a compra uma fábrica de uma torrefação de café. A empresa anunciou nesta quarta-feira a aquisição de 97,71% do capital social da mineira Café Bom Dia, que está em recuperação judicial, por R$ 62 milhões. Também serão investidos R $ 1 milhão para absorver 90,33% da Agro Coffee, que atua no comércio do grão e também está em recuperação judicial.
As aquisições serão pagas com caixa da Camil, e acrescentaram menos de 0,1 vez ao índice de alavancagem (endividamento líquido sobre Ebitda) da empresa, que estava em 1,6 vezes no terceiro trimestre, encerrado em agosto. Os aportes p ermitirão sanar todas as dívidas das companhias adquiridas. Os percentuais residuais para chegar a 100% da Bom Dia e da Agro Coffee serão comprados nos próximos anos.
A Camil também pretende investir R$ 15 milhões para quase dobrar a capacidade de produção da Bom Dia, para 60 mil de toneladas de café torrado e moído por ano, na fábrica situada em Varginha (MG). Hoje, são 36 mil. “Sem esse investimento e levando-se em conta os preços atuais do café, essa planta tem potencial de faturamento de R$ 1 bilhão ao ano”, afirmou Quartiero ao Valor.
“Concretizamos a entrada no mercado de café, primeiro com a compra da marca Seleto e agora com o retorno da marca União e a aquisição da Bom Dia”, comem orou. “Na ocasião do IPO [em 2017], prometemos transformar a Camil em uma empresa de alimentos, e agora estamos entregando isso aos acionistas.”
Três marcas de café
A partir de 1º de março, quando começa o ano fiscal da Camil, os cafés serão comercializados em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro — sendo a marca União como premium e Seleto e B om Dia como complementos ao portfólio. “A Seleto é uma marca forte em São Paulo especificamente, enquanto a Bom Dia tem boa participação em Minas”, afirmou Quartiero. A Café Bom Dia atua no segmento desde 1895, e também tem as marcas Sul d e Minas e Café Brazil .
O executivo explicou que a rede de distribuição da Santa Amália, adquirida em agosto, será fundamental para garantir o sucesso da Camil no mercado de cafés, e que no futuro haverá uma expansão para outras regiões do Brasil. Por enquanto, não está nos planos exportar café.
Quase um mantra desde o IPO, Quartiero repete que as aquisições da Camil não chegaram ao fim. “Temos caixa e capacidade financeira e operacional. Vamos continuar em expansão”.
Somente em 2021, a Camil comprou a marca Seleto, da JDE; a Dajahu, que marcou sua entrada no Equador; a fábrica de massas Santa Amália; a chilena Iansa, que faz ração para animais de estimação; e, na semana passada, foi a vez da uruguaia Silcom, que atua no ramo de frutas secas, sementes, molhos e azeites. A companhia também anunciou investimentos de R$ 150 milhões em uma usina de biomassa.
Fonte: Fernanda Pressinott, Valor