A holandesa Heineken, que anunciou esta semana a compra da Brasil Kirin, por € 664 milhões (R$ 2,2 bilhões), registrou recuo de um dígito médio (entre 4% e 6%) nas vendas totais de cervejas no mercado brasileiro em 2016, devido à recessão e à disputa de preços mais acirrada.
A empresa vende no país rótulos como Kaiser, Bavaria, Heineken, Amstel e Sol. Apesar da queda geral, o segmento 'premium' continuou a mostrar performance acima da média no mercado brasileiro - a marca Heineken apresentou avanço de dois dígitos no volume vendido, que atingiu 2 milhões de hectolitros. Sol e Amstel também tiveram bom desempenho, segundo o relatório de resultados divulgado ontem.
Globalmente, a companhia teve lucro líquido de € 1,5 bilhão em 2016, uma queda de 18,6%. O recuo foi associado a perdas com variação cambial, principalmente no México, Brasil e Nigéria, e à economia mais fraca em países emergentes. A Heineken também citou a base de comparação alta de 2015, devido à venda de ativos.
As vendas da cervejaria no mundo aumentaram 3% em volume, acompanhando o crescimento nas operações da América, Ásia-Pacífico e Europa. O desempenho foi mais fraco na África, Oriente Médio e Europa Oriental.
A receita total subiu 1,4%, para € 20,8 bilhões. Excluindo a variação cambial, a alta foi de 4,8%. "Entregamos um forte resultado em 2016, com um claro desempenho acima da média em nosso portfólio de marcas 'premium' e com um momento sustentável para nossa agenda de inovação", afirmou em comunicado Jean-François van Boxmeer, presidente da Heineken.
Para 2017, o grupo espera crescimento em receita e lucro. Os investimentos em fábricas e equipamentos devem ficar levemente abaixo de € 2 bilhões no ano, ante € 1,8 bilhão em 2016. Em conferência para analistas de mercado, Boxmeer disse que as projeções não consideram o efeito da compra da Brasil Kirin e da rede de bares Punch no Reino Unido. Com a Brasil Kirin, dona da marca Schin, a Heineken torna-se a segunda maior cervejaria no país (só atrás da Ambev), ampliando a participação principalmente no Nordeste.
Laurence Debroux, diretor financeiro da Heineken, disse que espera reduzir custos após a integração da Brasil Kirin nas áreas de produção, logística, vendas e administração. "Mas o maior ganho de sinergia seria realmente ter uma maior presença no Nordeste, além da capacidade para seguir com a estratégia de marcas especiais. Somos mais fracos em áreas do país onde a Brasil Kirin é mais presente. Por isso esperamos ganhos de receita com a compra."
Ele acrescentou que o impacto da aquisição ainda depende de diversos fatores, incluindo a data de conclusão. E disse não é possível estimar quando a Heineken conseguirá transformar o prejuízo operacional da Brasil Kirin em lucro.
Por Cibelle Bouças e Juliana Machado | De São Paulo
Fonte: Valor Econômico