Retração na oferta do Chile faz Brasil pagar 50% mais pelo salmão

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Preço médio na importação alcançou US$ 5,88 por quilo; volume comprado do país andino caiu 13,5%


  
Os preços do salmão importado pelo Brasil subiram 51% no primeiro semestre deste ano como consequência da queda de produção do Chile, o segundo maior exportador mundial da espécie. Entre janeiro e junho deste ano, o Brasil importou cerca de 2 mil toneladas a menos que no mesmo período do ano passado, mas a conta saltou de US$ 69 milhões para US$ 90 milhões. Apesar do alto consumo, o Brasil não produz salmão e importa o peixe exclusivamente do Chile.

 

Segundo o Ministério da Pesca brasileiro, o volume importado de salmão na comparação entre semestres recuou de 17,8 mil toneladas para 15,4 mil de toneladas, e só não foi mais afetado porque o Chile "redirecionou as suas exportações". Isso significou um aumento de embarques para o Brasil e uma diminuição para os demais mercados - Europa, Japão e EUA são os principais destinos. "O Chile não quer perder um mercado geograficamente bem localizado e importante", diz Abraão Oliveira, coordenador de comercialização do Ministério da Pesca.

 

Segundo maior produtor mundial de salmão, atrás da Noruega, o Chile sofreu em 2008 a maior quebra de sua produção em uma década devido à ocorrência de um vírus letal para a espécie. A Anemia Infecciosa do Salmão (AIS, na sigla em inglês) afetou com agressividade a chamada população Atlântico do peixe, criada em cativeiro.

 

Dados oficiais apontam para uma retração total de 650 mil toneladas para 400 mil entre 2008 e 2009, incluindo as variedades do salmão Pacífico (menos expressiva) e Atlântico. Olhando-se apenas para a espécie do Atlântico, no entanto, a ruptura é significativa: a queda foi de 360 mil toneladas em 2008 para 160 mil toneladas em 2009, e a expectativa de produção é de só 95 mil toneladas neste ano.

 

Segundo o governo chileno, a indústria de salmão do país já deu início a uma série de medidas preventivas para combater a doença, seguindo as lições de outros grandes produtores como Noruega, Canadá e a Escócia, também atingidos no passado pelo vírus AIS.

 

Além da doença, o setor chileno também sentiu o golpe da crise financeira global - reduzindo o acesso ao crédito - e um forte terremoto no início deste ano, que destruiu cativeiros de peixes e canais de escoamento do produto.

 

"Serão necessários vários anos para recuperar os níveis de produção do país do passado", disse Cesar Barros, presidente da SalmonChile, a associação da indústria de salmão, em entrevista recente à Reuters. "O setor precisará de investimentos de cerca de US$ 500 milhões nos próximos anos".

 

Grupos ambientalistas acusam a indústria de salmão chilena de sobrecarregar as jaulas flutuantes usadas como viveiros e de usar muitos produtos químicos. Essas medidas elevam a produtividade dos peixes mas também os deixam mais vulneráveis a doenças - no Brasil, camarões e lagostas são criados da mesma forma e também já houve casos de infecções por vírus. Para especialistas, no futuro não distante, o salmão terá ser criado em densidade menores.

 

O salmão divide com o bacalhau a primeira posição, em volume, no ranking de peixes importados pelo Brasil. Oliveira, do Ministério da Pesca, explica que não há produção nacional devido a características climáticas do país - o salmão sobrevive apenas em águas muito frias - e barreiras ambientais, já que é uma espécie exótica. "Mesmo importado e custando mais caro, é um peixe bastante consumido no país", diz. Segundo ele, o boom de restaurantes japoneses e o destaque nos supermercados explicam a preferência pelo peixe. Entre 2001 e 2009, o preço médio do salmão na importação saiu de US$ 2,42 para US$ 4,41 por quilo.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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