O consumidor que vai toda semana ao supermercado já tinha percebido que a carne está mais cara. E foi esse item da cesta básica da alimentação dos brasileiros que mais subiu em novembro e ajudou a elevar a inflação no período em 0,62% na região metropolitana de São Paulo, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na média, as carnes ficaram 9,36% mais caras na Grande São Paulo. O corte que mais subiu foi o lagarto (12,74%). Dos dez itens que mais aumentaram no período, nove são do grupo alimentos – que foi o responsável pela alta da inflação. Desses nove, oito são cortes de carne. O outro item foi o açúcar refinado (11,63%).
“A inflação mais alta significa menor poder de compra do consumidor. E quando ela sobe no grupo dos alimentos, afeta principalmente quem tem menor renda, pois alimentação é com o que essas pessoas mais gastam no mês”, explica Giuliano de Oliveira, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Pessoa Salazar, afirma que o preço da arroba do boi está em alta, em R$ 104, quando a média histórica é de R$ 70. E que o custo do boi para o abate deve continuar alto até o final de 2011, pois houve redução do rebanho nos últimos anos enquanto o consumo cresceu.
“Tivemos problemas em 2005 com febre aftosa e muitas matrizes, que iriam gerar bezerros, foram eliminadas na época. Ainda não recuperamos a produção”, diz.
Com esse e outros itens da cesta básica mais caros, a previsão é que o IPCA continue a subir nos próximos meses, o que pode levar o governo a tomar mais medidas para conter a inflação, que acumula 5,05% de dezembro de 2009 a novembro deste ano na região metropolitana de São Paulo.
A primeira medida, anunciada na última sexta-feira pelo Banco Central, foi o aumento dos depósitos obrigatórios que os bancos fazem no próprio BC no caso de empréstimos para pessoa física, o que retira parte do dinheiro disponível para crédito do mercado.
O próximo passo esperado pelos especialistas é a elevação da taxa de juros básica, a Selic, no início do próximo ano – na reunião de ontem do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a taxa foi mantida em 10,75% ao ano.
“Deve haver também a elevação dos juros para conter a inflação logo no início do próximo governo. Isso encarece o crédito para o consumidor e diminui o volume dos empréstimos”, afirma Eduardo Pozzi, professor de Mercado Financeiro e de Capitais da Faculdade de Administração da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap).
Veículo: Jornal da Tarde - SP