A JBS, maior indústria de carne bovina do mundo, apresenta desempenho abaixo das suas congêneres no mercado de títulos, devido a temores de que uma potencial aquisição da Sara Leepossa elevar seu endividamento.
Os títulos de 8,25% da companhia com vencimento em 2018 deram retorno de 0,7% desde 20 de dezembro, na comparação com um ganho de 1,6% para emissões com vencimentos semelhantes da MarfrigAlimentos, segunda maior produtora de carne bovina da América do Sul, segundo demonstram dados compilados pela "Bloomberg". Os títulos corporativos brasileiros registraram ganho de 1%, segundo o índice CEMBI do J.P. Morgan Chase.
O JBS está no encalço da companhia de alimentos dos EUA, depois de já ter anunciado ou concluído 14 aquisições desde 2007, por US$ 19,1 bilhões. Essas transações pressionaram para cima a alavancagem líquida da companhia sediada em São Paulo em quase quatro vezes, para US$ 8,3 bilhões, no terceiro trimestre, ante o mesmo período no ano anterior, segundo informes oficiais da companhia. A Sara Lee, que tem um valor de mercado de US$ 11 bilhões, é uma aquisição cara, disse Bevan Rosenbloom, analista da RBS Securities em Stanford, Connecticut.
"O temor de a aquisição estar sendo financiada com endividamento é o que está puxando o desempenho para abaixo da média do setor", disse Rosenbloom, em entrevista por telefone. "Se eles venderem títulos, isso deixará os detentores de dívida de fora, e diluirá os seus investimentos".
As companhias continuam se empenhando em calcular um preço de compra, depois de a Sara Lee ter recusado uma oferta, disse uma pessoa com conhecimento direto da situação, em 23 de dezembro. Um representante da JBS, que não pode ser identificado em conformidade com a política da companhia, disse que a firma não quis comentar. Alissa Bolton, uma porta-voz da Sara Lee, não quis comentar.
Apesar de as duas companhias não terem confirmado as conversas, o executivo-chefe da JBS, Joesley Mendonça Batista, disse a jornalistas ano passado em São Paulo que a companhia continuará se expandindo à medida que busca mais aquisições nos EUA e no Brasil, os maiores produtores de carne bovina do mundo, assim como em outros países.
Veículo: Valor Econômico