Rússia restringirá compras por frigorífico

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Embargo a produto deixa de ser aplicado por Estado. Será divulgada lista de unidades vetadas.

 

O embargo da Rússia a 85 frigoríficos de carne bovina, suína e de frango dos estados de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, em vigor desde 15 de junho, deve ser substituído por uma nova lista de unidades que terão restrições temporárias para exportar para o país. Essa lista deverá ser apresentada em breve, segundo fonte do setor brasileiro de carnes. O embargo por unidade, em vez de Estado, faria parte de um acordo entre autoridades brasileiras, que estiveram em Moscou nesta semana, e representantes russos.

 

O serviço veterinário da Rússia, o Rosselkhoznadzor, disse em comunicado disponível em seu site que "143 empresas permanecerão na lista das autorizadas, ao passo que foram introduzidas restrições temporárias para 93, por não estarem em conformidade com as normas da Rússia e da União Aduaneira". O documento fez um resumo do encontro entre os representantes de ambos os países. A missão brasileira chegou a Moscou segunda-feira, liderada pelo secretário de Defesa Agropecuária, Francisco Jardim, e retornou ontem ao Brasil.

 

O documento tem um tom menos crítico ao Brasil do que as notas anteriores. Nele, o Rosselkhoznadzor declara que na reunião foram discutidos os resultados das inspeções amostrais regulares aos frigoríficos brasileiros interessados na exportação para a Rússia e a região aduaneira, realizadas pelas autoridades russas em abril. A missão brasileira teria apresentado um "material volumoso sobre as deficiências" identificadas durante a inspeção. Além disso, o serviço veterinário nacional do Brasil conduziu uma auditoria nas empresas constantes da lista de unidades que têm direito de fornecer produtos para o mercado da Rússia/União Aduaneira.

 

Para uma fonte do setor, apesar de no documento as autoridades russas não terem deixado claro se o atual embargo será suspenso e quantas unidades terão restrições temporárias, pode-se concluir que o embargo por estados será substituído por restrições a unidades frigoríficas. Uma nova lista de unidades de todo o território brasileiro a serem desautorizadas a vender ao país deverá ser anunciada em breve.

 

Em recente entrevista, o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Ministério da Agricultura, Luiz Carlos de Oliveira, havia dito que há cerca de 230 frigoríficos que estariam aptos a abastecer o mercado russo e que a nova listagem que seria apresentada à Rússia nesse encontro continha 140 estabelecimentos. "Acredito que as desautorizações cheguem a menos de cem unidades em todo o país", disse a fonte. Na quarta-feira, o ministério informou que a Rússia deverá se pronunciar sobre o assunto em 15 dias.

 

Laboratórios - Ainda no comunicado, o serviço veterinário russo disse que as autoridades brasileiras pretendem realizar "uma radical reorganização da rede de laboratórios de controle de matérias-primas e produtos" para o cumprimento das exigências do mercado. "Por decisão da presidente do Brasil, para essa finalidade foram alocados mais de R$ 50 milhões, o que corresponde a aproximadamente US$ 32 milhões", afirmou o Rosselkhoznadzor. "Neste ano, por exemplo, os serviços veterinários do Brasil pretendem adquirir 10 mil kits de diagnóstico para organizar melhor a inspeção pré-abate de animais e a realização de exames veterinários sanitários", completou.

 

As autoridades russas citaram que os brasileiros "levaram muito a sério" a avaliação negativa dos russos e que em dois estados foram substituídos os chefes dos serviços veterinários, sendo possível que outras mudanças ainda acontecerão em outras unidades federativas.

 

Rússia e Brasil ainda concordaram em realizar trabalhos conjuntos, como a criação de dois grupos de trabalho voltados para a metodologia de condução das inspeções de empresas, metodologia de testes laboratoriais, seminários de garantias de segurança e sistema de auditoria interna nas indústrias.

 

Sobre o contrabando e os embarques não autorizados de carne para a Rússia, foi identificado um canal de envio do produto brasileiro ao país, contrabandeado a partir da Ucrânia. No comunicado, o serviço veterinário russo disse que o Brasil irá cooperar para a repressão desse tipo de prática. (AE)

 


Veículo: Diário do Comércio - MG


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