Até 20% dos cerca de 60 mil funcionários da Sadia poderão entrar no regime de paradas técnicas em algumas unidades industriais que a empresa deve adotar no fim de deste ano e no início do próximo. Segundo o presidente do conselho de administração da companhia, Luiz Fernando Furlan, a medida visa a redução dos estoques para exportação.
"Fizemos um sistema de banco de horas, que é um acordo com sindicato, em que o funcionário fica com crédito ao trabalhar horas adicionais e depois, quando tira essa folga, debita", explicou Furlan, que participou ontem de um encontro empresarial antes da 2ª Cúpula Brasil-União Européia.
Ele não soube precisar quantas das 15 unidades da companhia terão as paradas, mas explicou que as que trabalham com industrializados não estão incluídas. O processo ocorrerá nas plantas que produzem frango in natura para exportação. "Houve retenção de exportações por causa do Porto de Itajaí, em Santa Catarina, e ao mesmo tempo pela crise de liquidez porque alguns clientes que não conseguem crédito preferiram não fazer mais estoque".
Ele afirmou que esse é um movimento natural depois de um período 'sobredemandado'. Embora tenha dito não saber o número exato de trabalhadores envolvidos, Furlan disse que não deve superar 20% do total e que não há problemas graves ou demissões no horizonte.
Furlan negou ainda que estejam ocorrendo negociações para venda de parcelas da companhia. Segundo ele, o que existe agora é um esforço da empresa para desativar ativos não-operacionais, como terrenos e prédios. "Ao longo do tempo acumula-se bens que acabam não sendo necessários ao processo de produção", disse ele, citando um terreno de cerca de 90 mil metros quadrados no bairro da Lapa, em São Paulo, que já abrigou uma fábrica e um centro de distribuição, depois desativados. "É um ativo que tem um certo valor e quem sabe pode mais adiante ser transformado em caixa", concluiu.
Veículo: Valor Econômico