Medida deve ter impacto positivo de US$ 900 milhões nas exportações
-BRASÍLIA- O presidente interino, Michel Temer, comemorou ontem o acordo firmado na última quinta-feira entre Brasil e Estados Unidos que abriu o mercado americano para a carne bovina
in natura brasileira. Os dois países chegaram a um entendimento após mais de 15 anos de negociação. A expectativa é que a liberação permita um acréscimo em torno de US$ 900 milhões nas exportações de carne para os EUA.
— Não vou relatar as questões todas que foram decididas nesses 80 dias, mas eram questões que trafegavam no Legislativo ou no Executivo há dois, três anos, e, nesses dias, nós fomos tudo resolvendo — disse o presidente interino no discurso.
Temer elogiou os titulares do Ministério da Agricultura (Mapa), Blairo Maggi, e das Relações Exteriores, José Serra, que discursaram antes dele.
EMBARQUES DEVEM COMEÇAR EM 90 DIAS
Serra afirmou que o acordo selado entre Estados Unidos e Brasil é fruto de um processo iniciado ainda no governo de seu correligionário Fernando Henrique Cardoso, em 1999. Seu colega da Agricultura, que é um dos maiores produtores de soja do país, destacou que a grande lição é que o Brasil deve cuidar da defesa fitossanitária de seus produtos para atrair mercados internacionais. Ele informou que a pasta está revisando 300 medidas burocráticas para facilitar os negócios no setor agropecuário.
— Se queremos maior produção, temos que cuidar e fiscalizar, temos que deixar que a iniciativa privada faça o seu papel. Em torno de 300 medidas burocráticas serão revistas no Mapa para tirar o dinheiro da mão da ineficiência e passar o dinheiro para a mão da eficiência — afirmou Maggi.
A expectativa é que os embarques para o mercado americano comecem em 90 dias, após a conclusão de trâmites administrativos. Hoje, o Brasil já vende carne bovina industrializada para os EUA. As exportações em 2015 somaram US$ 286,8 milhões. Com o acordo, a estimativa é que as vendas de carne in natura e congelada agreguem US$ 900 milhões às receitas do Brasil com a exportação do produto. O Brasil exporta para vários países do mundo e, segundo o governo, arrecadou, em 2015, US$ 6 bilhões com a venda de carne ao exterior.
Os EUA são os maiores produtores e consumidores de carne bovina in natura. O Brasil é o segundo maior produtor mundial e o maior exportador. No primeiro semestre do ano, as vendas externas brasileiras chegaram a US$ 2,22 bilhões (ou 571,5 mil toneladas). No período, os maiores compradores foram Hong Kong (U$ 393 milhões), China (U$ 365 milhões), Egito (US$ 329 milhões), Rússia (US$ 181 milhões) e Irã (US$ 168 milhões).
Os americanos estabelecem cotas de importação. Segundo o Mapa, o Brasil entra na cota dos países da América Central, que é de 64,8 mil toneladas por ano, com tarifa de 4% a 10%, dependendo do corte da carne. Fora da cota, a tarifa é de 24,6%.
Fonte: Jornal O Globo