Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), afirmou ontem que o setor adotará um código de conduta para evitar o abate e o processamento de gado criado em áreas de desmatamento da Amazônia. Ele fez a declaração no Senado, onde participou de audiência pública na Comissão de Agricultura.
De acordo com Giannetti, o código de conduta é uma forma de adequar o setor ao termo de ajuste de conduta proposto pelo Ministério Público do Pará e pelo Ministério do Meio Ambiente, que proíbe a comercialização de carne de animais provenientes de áreas desmatadas.
O executivo da Abiec disse que atualmente é impossível controlar toda a cadeia produtiva da carne e identificar animais oriundos de áreas clandestinas. Isso porque, ressaltou, 30% do gado abatido no País é clandestino. Neste momento, assinalou Giannetti, o setor não tem condições de assinar o termo de ajuste de conduta e, por isso, optou pelo código. Ele ainda criticou o governo e o ministro Carlos Minc que, segundo Giannetti, teria falado muito e feito pouco pelo setor.
A primeira experiência de gado rastreado, desde o nascimento até o abate, está sendo iniciada no Mato Grosso do Sul, informou Giannetti. A partir da implantação desse sistema, acrescentou, será possível identificar a origem de todos os animais abatidos no País.
Processo
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estuda entrar com uma ação judicial contra o Greenpeace em função de colocações da ONG a respeito do modo de produção de carne brasileira. A afirmação foi feita, sem mais detalhes, pelo presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás, José Manoel Caixeta, durante audiência pública extraordinária na Comissão de Agricultura do Senado para discutir a situação dos frigoríficos.
De acordo com Caixeta, se for inviabilizada a produção em áreas consideradas como desmatadas, os custos de produção tendem a aumentar e o preço da carne deve subir, prejudicando os consumidores. "A produção será inviável. Ou chegará muito cara ao consumidor", disse.
O representante da CNA na audiência pública garantiu que os pecuaristas não querem agir na ilegalidade, mas afirmou que ações como a do Ministério Público em Estados produtores e ações constantes de ONGs preocupam o setor, que já vem sofrendo em função da situação de crise.
Veículo: DCI