Festas de fim de ano começam a puxar preço de suínos em SC

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Os preços pagos aos produtores de suínos em Santa Catarina começam e dar sinais de reação. O principal motivo é a demanda maior no mercado nacional, em razão dos preparativos das agroindústrias para atender o consumo das festas de fim de ano.

 

Segundo Wolmir de Souza, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), nos últimos quatro dias já houve suinocultor independente que negociou a R$ 2,30 o quilo do animal vivo, valor 10% maior do que há uma semana, quando o preço mais comum era R$ 2,10. "O atual momento no mercado nacional é muito importante. Houve um aquecimento de procura, que trouxe uma melhora fantástica", disse Souza, que acredita que essa tendência de alta se manterá até o fim do ano.

 
 
Na segunda-feira, outro indício de melhora veio da Coopercentral Aurora, que decidiu aumentar os preços de R$ 1,80 para R$ 1,90, o segundo reajuste de R$ 0,10 em duas semanas. Um novo aumento de mais de R$ 0,10 não está descartado para os próximos dias.

 

Dados da Epagri/Cepa, empresa de pesquisa do governo catarinense, mostram que os produtores independentes do Estado receberam em setembro um valor médio maior que o de agosto pelo quilo do suíno vivo. A média do último mês ficou em R$ 1,89 na praça de Chapecó, a principal em Santa Catarina - em agosto, havia sido de R$ 1,82. Entre um mês e outro, o preço aos produtores integrados manteve-se em R$ 1,92.

 

Os valores de setembro, contudo, foram menores que o do mesmo mês de 2008. Em setembro de 2008, apesar do estouro da crise econômica mundial, o preço médio pago ao produtor de suínos era de R$ 2,78 para o integrado e de R$ 2,99 para o independente, de acordo com a Epagri/Cepa.

 

Para o presidente da Aurora, Mário Lanznaster, o aumento decorre da sazonalidade das festas. Ele ressalva, no entanto, que, apesar da melhora, ainda não é possível saber se o último trimestre terá demanda maior do que o mesmo período de 2008. Por enquanto, as encomendas não mostram isso.

 

"Só sabemos que vivemos agora a melhor fase de 2009, mas está difícil prever se o consumo será maior porque no fim de 2008 ainda havia dinheiro na praça, mesmo com a crise. Pagava-se mais pelo suíno também porque o custo de produção era cerca de 15% mais alto do que agora", disse.

 

O presidente do Sindicarnes-SC, entidade que representa as agroindústrias, Ricardo Gouvêa, acredita que este é o início de uma tendência de melhora de preços. Ele espera um fim de ano melhor do que o de 2008, mesmo considerando que no último trimestre do ano passado o setor ainda não sentia de forma forte os efeitos da crise.

 

"Sentimos a crise meses depois, entre fevereiro e março, porque a demanda nacional se sustentou no fim de 2008. Agora, neste último trimestre, existe de forma adicional o efeito positivo de uma melhora conjuntural da economia do país", afirmou.

 

Além dos sinais de melhorada economia nacional, o aquecimento das vendas dos produtores em parte tem ocorrido porque o governo catarinense isentou a carne suína do pagamento de ICMS até novembro deste ano. Segundo Gouvêa, isso beneficiou a venda das agroindústrias para os supermercados catarinenses, ainda que, para ele, a queda de preços tenha sido tímida até agora nas prateleiras dos varejistas.

 

Apesar de alguns indicadores positivos, o setor preocupa-se com os efeitos negativos que poderão existir sobre os preços. Isso poderá decorrer de um excesso de oferta no mercado interno. Com câmbio desfavorável às vendas externas, as agroindústrias podem redirecionar ao mercado nacional o que originalmente seria exportado.

 

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio sobre exportação de suínos de Santa Catarina, compilados pela federação das indústrias do Estado (Fiesc), já mostram recuo dos embarques em agosto. As vendas externas ficaram em US$ 24,9 milhões - em julho, haviam sido de contra US$ 27,3 milhões. No acumulado de janeiro a agosto também é verificada retração nas exportações: US$ 200,3 milhões, ante US$ 283,5 milhões de 2008, uma queda de 29,33%. O recuo ocorre mesmo após abertura de novos mercados para a compra de carnes de Santa Catarina, como o Chile, e a reabertura da Rússia.

 

Afora o redirecionamento das carnes suínas para o mercado nacional, poderá pesar na contenção da melhora de preços a queda, já em andamento, dos preços de outras carnes, como a bovina e a de frango, que concorrem com os suínos pela preferência dos consumidores brasileiros.

 

Para Enori Barbieri, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc), esses fatores negativos terão maior impacto sobre os preços e impedirão que o mercado de suínos tenha uma recuperação mais duradoura. Barbieri, ao contrário de Souza e de Gouvêa, acredita que há melhora de curto prazo nos preços mais em razão da retração na venda de produtores independentes de suínos, à espera de melhora nas cotações, do que por motivos conjunturais favoráveis.

 

Lanznaster, da Aurora, crê que em janeiro o preço poderá recuar. "Em dezembro, os embarques para a Rússia estarão suspensos pelo congelamento dos portos. Ainda não há perspectivas de que o câmbio estará em janeiro mais favorável às exportações", disse.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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