A queda de preços da carne bovina em 2009 não foi suficiente para neutralizar os expressivos aumentos registrados durante o ano passado. É o que se conclui após análise do Índice de Custo de Vida, que é elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Em 2009, por exemplo, a maior queda de preço foi da picanha, cujo baixou 9,23% entre janeiro e outubro. Esse desempenho não foi suficiente para compensar a alta de 16,68% do mesmo corte em 2008. O mesmo comportamento pode ser verificado na maioria dos cortes de carne bovina analisados pela reportagem (veja quadro nesta página).
Dessa forma, o preço médio da carne bovina entre janeiro de 2008 e outubro de 2009 subiu 16,11%, porcentual acima do ICV para o mesmo período (9,65%).
Maria Gabriela Tonini, consultora do mercado de pecuária da Scot Consultoria, indica que essa alta começou a ser praticada pelos produtores de gado. Enquanto em 2008 a arroba do boi gordo, o preço que o produtor recebe pela venda do animal, aumentou 38%, em 2009 diminuiu apenas 12%.
“Desde 2007 os preços sobem acima da inflação, que chegou a 9,8% nos últimos dois anos no atacado. Isso porque o mercado está se readequando. Com a superoferta do produto no mercado internacional e interno, foram obrigados a reduzir a produção e aumentar preços.” De acordo com ele, a crise econômica provocou a queda das vendas e do consumo e os preços passaram a cair esse ano.
A Associação Paulista de Supermercados (Apas) informa que a carne chegou a subir 30% no ano passado nas gôndolas. Até agora, o preço nas lojas caiu 15% em média. “Isso ocorreu porque a indústria segurou os preços diante da crise econômica”, diz Martinho Paiva Moreira, vice-presidente de comunicação da associação. Já a indústria frigorífica justifica que o mercado não registra quedas na mesma proporção das altas porque “ainda há pressão de custos no cenário econômico”, diz Ricardo Di Pretoro, consultor econômico da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigos).
Manuel Henrique Ramos, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas do Estado de São Paulo, que representa os açougues, lembra que, antes dos aumentos, os preços das carnes estavam estáveis há cinco anos. “O ajuste foi suspenso por causa da crise econômica. Agora, os preços estão competitivos e devem continuar estáveis.”
Reações
Luis Marcos Pinheiro, gerente da Barão Carnes, em Perdizes, afirma que nos últimos três meses, o quilo de filé mignon caiu de R$ 30 para R$ 25 em seu açougue, mas os preços das carnes de segunda aumentaram. “A diferença entre o preço das carnes de segunda e primeira, que é de 50% chegou a 20% no ano passado”.
Veículo: Jornal da Tarde - SP