Índice cresce 1,5% ante o trimestre anterior, atinge 117,2 pontos e é o maior da série histórica, iniciada em 2001
Os consumidores brasileiros aumentaram a confiança na economia neste último trimestre do ano e recuperaram o otimismo perdido no auge da crise. O Índice Nacional de Expectativas do Consumidor (Inec), divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), atingiu 117,2 pontos - o maior valor da série histórica, iniciada em 2001. O indicador é 1,5% maior que o do terceiro trimestre de 2009 e 6,7% acima do índice verificado no quarto trimestre de 2008.
"Possivelmente, o maior otimismo dos consumidores deriva do fato dos efeitos da crise econômica terem sido menos intensos que o esperado", avaliou a CNI. O aumento da confiança foi puxado por três das seis variáveis que compõem o índice: a melhora das condições financeiras, a expectativa de aumento da renda e a maior disposição de compras de bens de maior valor.
O índice de expectativa de evolução da própria renda subiu 5,1% no quarto trimestre, em relação à pesquisa do terceiro trimestre. Com o aumento, o segundo consecutivo, o índice atingiu 119,6 pontos, também o maior nível da série histórica.
O consumidor também apontou para uma melhora da situação financeira. O indicador cresceu 2,5% em relação ao trimestre anterior, passando de 114,5 pontos para 117,4 pontos.
Para a CNI, as expectativas positivas em relação à renda futura e às condições financeiras deverão impulsionar o consumo. Os dois fatores combinados justificam o crescimento do indicador que mede a intenção de compras de bens de maior valor, como eletrodomésticos e móveis. Ele subiu 4,5%, de 112,1 pontos no terceiro trimestre para 117,1 pontos.
Por outro lado, outras três variáveis pioraram: o índice de endividamento e os índices de expectativa em relação à inflação e ao desemprego. Todas as variáveis, no entanto, estão melhores que o indicado pelos consumidores no Inec do quarto trimestre de 2008.
A pesquisa foi realizada pelo Ibope entre os dias 26 e 30 de novembro. O Inec é composto pela média ponderada das seis variáveis que afetam diretamente a inclinação do cidadão em consumir.
Abinee prevê alta de 10% nas vendas em 2010
O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre mais fraco que o esperado não assustou a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), que reiterou uma queda de 9% no faturamento do setor para 2009, em relação ao ano passado, totalizando R$ 115 bilhões, por causa da crise. O presidente da associação, Humberto Barbato, comentou que, ao longo de 2009, a entidade não esperava desempenho positivo para o PIB deste ano, que deve ficar "no zero a zero" em 2009, na avaliação do executivo.
As previsões da entidade levam mais em conta os números de faturamento das empresas do que projeções de mercado sobre a economia brasileira. "Não nos surpreendemos com o PIB divulgado esta semana", disse.
Porém, o executivo fez uma ressalva. Durante evento promovido para empresários no setor, no Rio, ele criticou duramente o nível do dólar em torno de R$ 1,75, explicando que a valorização do real ante o dólar reduz de forma significativa a rentabilidade do setor. "Um dólar a R$ 1,75 é um convite à desindustrialização do País", disse, mencionando que um nível em torno de R$ 2,20 seria mais razoável.
Além disso, ele observou que, do faturamento total previsto do setor para este ano, 19% é referente a comercialização de importados.
Produtos da Coreia e China estão aumentando sua penetração no mercado interno graças ao dólar fraco, e a fatia de importados no faturamento total do setor tende a aumentar, caso a cotação da moeda norte-americana permaneça no patamar atual.
Para 2010, o cenário permanece favorável, com estimativa para aumento de 10% no faturamento do setor, em relação ao ano anterior, de acordo com Barbato. "Creio que a partir do ano que vem poderemos voltar para os mesmos níveis de faturamento de 2008 que foi um bom ano", disse, lembrando que o faturamento do setor atingiu em torno de R$ 123 bilhões no ano passado. Entre os segmentos que vão liderar o crescimento de 2010 estão os de informática, telecomunicações, e infraestrutura de telecomunicações.
Veículo: O Estado de S.Paulo