No dia em que anunciou uma oferta hostil pelo grupo português do ramo de cimento Cimpor, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) viu a agência de classificação de risco Standard and Poor's colocar os seus ratings sob observação, para possível rebaixamento, por causa da possibilidade de que a empresa brasileira precise tomar empréstimos a fim de concretizar o negócio.
O mesmo ocorreu com a Camil Alimentos quando a companhia informou que havia adquirido a Tucapel, maior empresa de arroz do Chile.
Enquanto os economistas preveem para 2010 uma forte onda de fusões e aquisições, por brasileiras, de concorrentes tanto em território doméstico quanto internacional, as agências de risco alertam para o perigo de rebaixamento que as empresas do país correm devido ao aumento do seu endividamento para a realização de tais transações.
O nível de dívida das brasileiras sempre foi relativamente baixo -o que se mostrou uma bênção em tempos de crise, frisam os especialistas- e agora passou a moderado.
"Não existe mais muito espaço para alavancagem. Antes, algumas companhias possuíam endividamento pequeno para aquele rating que detinham; isso é mais raro, agora, até porque muitas sofreram elevação da nota", afirma Alexander Cartenter, analista regional de crédito para a América Latina da Moody's.
"O problema de acumular débitos aparece em tempos de turbulência. Com menos dinheiro disponível no mercado, fica difícil refinanciar os empréstimos", diz Ricardo Carvalho, diretor sênior de avaliação de empresas da Fitch Ratings.
"As compras de ativos financiadas com caixa próprio tendem a ser mais favoráveis para as companhias. Entretanto, a avaliação do crédito tomado com esse objetivo também é feita levando em consideração as vantagens que o negócio traz para a empresa no futuro", diz.
Veículo: Folha de S.Paulo