O Banco Central (BC) revisou sua estimativa para o crescimento da economia brasileira e passou a prever uma expansão maior da atividade neste ano, mas também vê desaceleração em 2022. Os números constam no relatório de inflação do terceiro trimestre, divulgado nesta quinta-feira (30).
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
Para 2021, a instituição elevou de 4,6% para 4,7% a sua projeção de crescimento da economia brasileira. Entretanto, para 2022, a expectativa é de uma expansão menor na economia, pois a instituição projeta uma alta de 2,1% para o Produto Interno Bruto.
Segundo o BC, três riscos "relevantes" continuam presentes na economia brasileira: o eventual agravamento da crise hídrica, especialmente se forem necessárias restrições ao consumo de energia elétrica; a evolução da pandemia de Covid-19, que segue sendo monitorada com atenção; e, por fim, ações que piorem as expectativas a respeito da trajetória fiscal podem pressionar os prêmios de risco e a confiança dos agentes.
Os "riscos fiscais" consistem nas dúvidas sobre as contas públicas e a falta de uma estratégia clara do governo para contar a alta da dívida.
No ano passado, por conta dos efeitos da pandemia da Covid-19, o PIB registrou tombo de 4,1%. Entretanto, a economia tem mostrado forte reação nos últimos meses, com a recuperação da atividade mundial e a alta dos preços das "commodities" (produtos básicos, como alimentos, minério de ferro e petróleo) - que também tem gerado inflação ao redor do mundo.
Outras estimativas
A previsão do BC para o crescimento da economia, em 2022, está acima da estimativa do mercado financeiro. Na semana passada, os economistas dos bancos baixaram a expectativa de expansão do PIB de 1,63% para 1,57%.
Entretanto, a expectativa do BC para o próximo ano está abaixo da previsão oficial do governo, feita pelo Ministério da Economia em meados de setembro. Para a pasta, o PIB registrará crescimento de 2,5% em 2022. Nas últimas semanas, o ministro Paulo Guedes tem dito em seminários virtuais que o Brasil voltará a "surpreender" o mundo no próximo ano.
Ao explicar a previsão do governo, no mês passado, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, informou que o segundo semestre deste ano terá um crescimento forte do setor de serviços e do investimento privado, e isso dará as "bases sustentáveis" para o crescimento de 2,5% (para o PIB) em 2022.
O que diz o BC
Segundo o BC, indicadores econômicos recentes sugerem continuidade da evolução positiva da atividade doméstica, o qual contempla "recuperação robusta do crescimento da economia ao longo do segundo semestre".
"A continuidade do arrefecimento da pandemia e os níveis de confiança maiores que os vigentes há três meses favorecem a recuperação da atividade e do mercado de trabalho. Em horizonte mais amplo, a normalização da cadeia de insumos industriais, mesmo que apenas gradual, também deve ter efeitos positivos sobre o crescimento", avaliou a instituição.
De acordo com o Banco Central, as perspectivas para agropecuária e indústria extrativa, em ambiente de preços internacionais de commodities ainda elevados, também são positivas.
A instituição acrescenta, porém, que há fatores que "restringem o ritmo de recuperação no segundo semestre deste ano e durante o ano seguinte [2022]".
"No curto prazo, choques de oferta [falta de insumos e produtos] afetam negativamente atividade e consumo. Adicionalmente, o ciclo de aperto monetário [alta dos juros], cujos efeitos devem ser sentidos principalmente em 2022, tende a diminuir o ritmo de fechamento do hiato [do produto, que é a diferença entre PIB observado e a estimativa do produto potencial]", informou o BC.
Fonte: G1