A taxa de desemprego no Brasil ficou em 13,2% no trimestre encerrado em agosto, mas ainda atinge 13,7 milhões de brasileiros, informou nesta quarta-feira (27) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No levantamento anterior, referente ao trimestre encerrado em julho, a taxa de desemprego estava em 13,7%, atingindo 14,1 milhões de pessoas.
O número de pessoas ocupadas foi estimado em 90,2 milhões, o que representa um aumento de 4% em relação ao trimestre móvel anterior. Ou seja, um adicional de 3,4 milhões.
Ocupação cresce, mas rendimento médio cai
O rendimento médio real do trabalhador foi de R$ 2.489 no trimestre encerrado em agosto, o que corresponde a uma redução de 4,3% em 3 meses e de 10,2% em relação ao mesmo trimestre do ano passado.
Segundo o IBGE, "foram as maiores quedas percentuais da série histórica", iniciada em 2012, em ambas as comparações.
A massa de rendimento real, que é soma de todos os rendimentos dos trabalhadores, ficou estável, atingindo R$ 219,2 bilhões.
Conta própria e trabalho doméstico atingem recordes
O aumento da ocupação no país tem sido puxado pelo principalmente pela expansão do trabalho por conta própria e do emprego sem carteira assinada.
O trabalho por conta própria atingiu novamente patamar recorde, somando 25,4 milhões de pessoas, com aumento 4,3% (mais 1 milhão de pessoas) em 3 meses. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o contingente avançou 3,9 milhões, alta de 18,1%.
O trabalho doméstico aumentou 9,9% no trimestre, somando 5,5 milhões pessoas. Frente ao mesmo período do ano anterior, cresceu 21,2%, um adicional de 965 mil pessoas. As expansões trimestral e anual foram as maiores em toda em toda a série histórica da ocupação dos trabalhadores domésticos.
Número de informais segue abaixo do patamar pré-pandemia
Com o avanço do trabalho por conta própria sem CNPJ e do emprego sem carteira assinada, a taxa de informalidade passou de 40% no trimestre encerrado em maio para 41,1%, no trimestre encerrado em agosto, totalizando 37 milhões de pessoas.
O trabalho informal inclui trabalhadores sem carteira assinada (empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por conta própria) ou trabalhadores familiares auxiliares.
"Em um ano a população ocupada total expandiu em 8,5 milhões de pessoas, sendo que desse contingente 6 milhões eram trabalhadores informais", destacou a pesquisadora do IBGE, acrescentando, entretanto, que o número de trabalhadores informais ainda se encontra abaixo do nível pré-pandemia e do máximo registrado no trimestre fechado em outubro de 2019, quando chegou a 38,8 milhões.
Perspectivas
Apesar do mercado de trabalho continuar estar em trajetória de recuperação, indicadores econômicos têm mostrado uma perda de fôlego da economia nos últimos meses.
A expectativa atual do mercado financeiro para o PIB é de uma alta de 4,97% em 2021, após o tombo de 4,1% no ano passado. Para 2022, porém, as projeções têm piorado e parte dos analistas já falam em um quadro de estagflação e até de recessão.
A piora das expectativas ocorre em meio ao aumento das incertezas fiscais após o ministro da Economia, Paulo Guedes, ter proposto na semana passada "furar" o teto de gastos (mecanismo que limite o aumento da maior parte das despesas à inflação do ano anterior) para bancar o Auxílio Brasil em 2022, ano de eleição presidencial.
O mercado financeiro também passou a projetar uma aceleração no ritmo de alta da taxa básica de juros. A expectativa é que a Selic termine 2021 em 8,75%, podendo chegar a dois dígitos em 2022. Juros em alta encarecem o investimento para as empresas e o consumo para as famílias, dificultando o crescimento econômico e a geração de um número maior de empregos.
Fonte: G1