"O Brasil está numa guerra comercial e você não entra numa guerra sem estar organizado", analisa o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Rogério Amato. Durante o Almoço do Varejo, promovido pela CDL-Porto Alegre, o dirigente constatou a necessidade de união e engajamento institucional das entidades e empresas brasileiras na luta pelas melhorias necessárias para tornar o País um bom ambiente de negócios e aumentar a produtividade. "Não somos a favor nem contra o governo, mas precisamos ocupar esse espaço na gestão."
Entre as principais mazelas apontadas pelo presidente da ACSP, está a famigerada carga tributária e o custo Brasil, que impedem o pleno desenvolvimento de um fato, segundo Amato, inevitável: o crescimento da economia brasileira. Para que esse seja um processo contínuo e sólido, além da necessidade de cobranças por parte dos grandes empresários e organizações, Amato sugere a implementação de ferramentas de gestão na máquina pública, a exemplo do Cadastro Positivo, que ainda vê dificuldades operacionais. Ele lembra que estados como Minas Gerais e Goiás já adotaram melhores práticas de gestão, obtendo importantes resultados. "Inclusive o Jorge Gerdau emprestou seu conhecimento em um processo já feito em vários estados", diz.
Apesar de frisar as carências de eficiência dos governos, Amato destaca a posição favorável do País. Lembrando o momento difícil que passa a Europa, causado pelo excesso de crédito, o dirigente destacou que o mercado brasileiro não deve ter situação semelhante. Isso porque para 2012, ele prevê uma maior seletividade na concessão de financiamentos, mesmo com a recente flexibilização do Banco Central para financiamentos de até 60 meses. "Em relação aos investimentos, o crédito deve ficar bem mais seletivo, já ao consumidor, apesar de mais seletivo, deve continuar abundante", ressalta.
Parte dessa seletividade está associada ao aumento do endividamento, evidenciado por pesquisas que apontam que boa parte do 13º salário será destinada ao pagamento de dívidas pelas famílias. Além disso, o dirigente lembrou que nunca a inadimplência foi tão grande entre a camada jovem da população, o que deve contribuir ainda mais para que haja cuidado na concessão de crédito.
O presidente da ACSP ainda lembrou o importante papel que as redes sociais vêm exercendo na sociedade, desde a eleição do presidente norte-americano Barack Obama, que contou com forte campanha no Twitter, até a chamada primavera árabe, que contou com forte mobilização de ativistas em canais virtuais. Às vésperas de um ano eleitoral, Amato sentencia que a votação deve ser definida justamente pela participação nas redes. "Aquele que não se debruçar e tentar entender as redes sociais e seu funcionamento está morto", destaca o dirigente.
Veículo: Jornal do Comércio - RS